A EPÍSTOLA DE
PAULO AOS ROMANOS
CAPÍTULO 14 – LIBERDADE SEM LIBERTINAGEM
TEXTO CHAVE: “O que come não despreze o que não come, e o que não
come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu”.
Romanos 14.3
VERDADE
TEOLÓGICA: “Liberdade não é o direito
de se fazer o que se quer, mas, sim, de fazer o que se deve”.
Anônimo
ESTUDOS DE
PREPARAÇÃO SEMANAL
Segunda-feira:
Rm 14.1-6
Temas controversos não devem impedir a comunhão.
Terça-feira:
-1Co 6.17-20.
Quem se une com Cristo é um com ele, pois foi comprado
por um bom preço.
Quarta-feira:
Rm 14-7-1
Jesus é o Senhor e Juiz de todos nós.
Quinta-feira:
1Co 3.13-15
Deus é quem nos julgará segundo as nossas obras.
Sexta-feira:
Rm 14.13-23
A liberdade cristã é limitada pelo amor.
Sábado: 1Co
10.23-32
Minha liberdade não é pretexto para que eu provoque a
consciência do meu irmão.
LEITURA
BÍBLICA CONGREGACIONAL
Romanos
14.1-6
1-ORA, quanto ao que esta enfermo na fé, recebei-o,
não em contendas sobre dúvidas.
2-Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro,
que e fraco, come legumes.
3-O que come não despreze o que não come, e o que não
come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu.
4-Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu
próprio Senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é Deus
para o firmar.
5-Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga
iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo.
6-Aquele que faz caso ao dia, para o Senhor o faz. O
que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o
Senhor não come, e dá graças a Deus..
ELUCIDAÇAO
TEXTUAL
No texto da Leitura Congregacional Paulo está salientando
o ponto de cada pessoa ter suas próprias convicções. Por elas regulará seu
comportamento, com honestidade intelectual e moral, e deixará que o seu próximo
faça o mesmo. Cada um vive não na presença dos seus companheiros, senão diante
do Senhor, em cujo tribunal todos compareceremos.
INTRODUÇÃO
Neste capítulo 14 Paulo se refere a uma situação especial
da comunidade romana, acerca da qual foi informado com segurança. Em toda
igreja sempre há irmãos que alimentam ideias menos corretas da verdade cristã,
e comumente são teimosos na defesa do seu credo falho. Os tais não devem ser
humilhados. A consciência deles, iluminada parcialmente quanto à liberdade que
os cristãos gozam em Cristo, deve ser respeitada, e o comportamento dos outros
membros da sociedade cristã não deve ofendê-los. Por outro lado, esses irmãos
importunos não devem criticar os demais, nem apresentar suas ideias como padrão
para os outros e exigir destes uniformidade.
Como o tema é sugestivo, debata e exponha seu parecer
sobre esse assunto, mas sempre parando também para ouvir os outros,
principalmente os que pensam diferente de você.
Deus te abençoe.
I-TEMAS
CONTROVERSOS (vv.1-6)
Muitas vezes ouvimos os incrédulos nos perguntar: “O
que eu teria que deixar de fazer se me tornasse um cristão?”, e muitas vezes
nos perguntamos: “O que há de errado com determinada atividade?”.
Nestes versículos vamos abordar alguns temas que
tendem a gerar conflitos de espiritualidade por serem temas cujos quais a
Escritura não dá uma palavra definitiva.
Nos versículos de 1 a 3 Paulo dá uma orientação a
todos os cristãos. Primeiro ele se refere aos fracos na fé; pessoas “cuja fé
falta aquela firmeza e amplitude que o elevariam acima de pequenos tabus”
(David Brown). São problemas de religiosidade, legalismo, como comer carne,
considerar alguns dias especiais, determinar certas roupas como sagradas, etc.
Estes ainda não têm convicção sobre estes assuntos duvidosos ou indiferentes, e
por isto enfrentam dúvidas nestas áreas. Por isso Paulo se refere aos que estão
aptos a aprender o significado da morte de Cristo para o viver diário, ou seja,
comer, beber, etc.
O que Paulo quer enfatizar aqui é que nossa atitude
para com o irmão “fraco na fé” deve ser de aceitação, e não de discussão com
ele ou de querer impor sua opinião; afinal de contas, opiniões são tudo o que
você pode ter sobre estes temas, porque a Bíblia não diz nada a respeito deles.
Ao invés de discutir estes temas, preocupe-se em
obedecer às áreas em que a Bíblia é muito clara e precisa: é sempre errado
roubar, adulterar, embriagar-se, fofocar, mentir, e todas outras coisas que
sabemos muito bem serem erradas!
É importante observar que a Bíblia poderia ter
abordado estes temas, mas seus escritores inspirados pelo Espírito Santo de
Deus, foram deliberadamente conduzidos a não falar sobre estes assuntos! E a
regra é: Onde a Bíblia é silenciosa, a consciência governa! (Ray Stedman).
Devemos receber aos fracos na fé como em Cristo Jesus,
e a principal razão para isto é que o próprio Deus os aceitou! Isto coloca as
coisas na perspectiva correta, não é!
Entre os versos 4 e 6 Paulo passa a falar ao cristão
“fraco na fé”, aquele que se incomoda ao ver as atitudes de outros cristãos nas
áreas em que a Bíblia não fala precisamente sobre o assunto. A estes ele diz:
“Não banque o juiz!”, isto é, não os condene com base nas suas opiniões sobre o
assunto; não diga que eles não são verdadeiros cristãos e não saia por aí dizendo
que são cristãos carnais. (Veloso).
O cristão não é responsável por “prestar contas” aos
outros irmãos a respeito destes temas indiferentes, mas ele é responsável por
suas atitudes perante Deus (inclusive nestas áreas).
Não há nenhum mérito em abster-se destas coisas, como
também não há em praticá-las. O cristão que separa um dia para Deus é mais
santo que os outros? Não!
Geoffrey B. Wilson comentando este texto diz: “O
verdadeiro cristão que vive para o Senhor é aquele que torna a vontade de
Cristo a sua regra de conduta, e a Sua glória o seu objetivo constante; embora,
por fraqueza ou ignorância, ele possa às vezes entender mal qual é o seu dever,
e considerar obrigatórias certas coisas que Cristo nunca ordenou.” (Veloso).
II-O
SENHORIO DE CRISTO (vv. 7-12)
Aqui Paulo afirma que o foco do modo de viver cristão
nunca é ele mesmo. Tudo o que fazemos deve ser para agradar o nosso soberano
Senhor (1Co 6.20; 10.31). Como nosso Mediador, Cristo assegurou na cruz o
indisputável direito de exercer senhorio sobre os crentes que já morrerem e os
que ainda estão vivos sobre a terra. (William Hendriksen).
O senhorio de Jesus sobre nossas vidas começa agora, e
não podemos pensar em abrir uma exceção em relação a coisas não essenciais ao
cristianismo. Quer estejamos vivos ou mortos, somos do Senhor e isso não pode
ser mudado por questões secundárias (v.8).
Cristo morreu não apenas para nos libertar do pecado,
mas para nos transformar em seus servos (Rm 6.22); para estabelecer a si mesmo
como soberano sobre todos os santos em sua presença e sobre aqueles que ainda
estão na terra (v.9 cf. Fp 2.11; 1Tm 6.15; Ap 17.14; 19.16)
A repetição da palavra “irmão” não apenas indica a
igualdade de posição, mas também é um lembrete oportuno de que seu
relacionamento deveria se caracterizar por aquele amor mútuo que se regozija em
cobrir uma multidão de falhas (v.10). (Geoffrey B. Wilson).
Tanto os que condenam (fracos), e os que menosprezam
(fortes), devem lembrar que não são senhores, mas que Cristo é o Senhor e,
consequentemente, eles não são juízes legítimos, mas que o único Juiz é Cristo
(v.11). (William Hendriksen)
Está próximo o dia em que Deus virá julgar os segredos
dos corações dos homens, quando todos os motivos e intenções escondidos serão
revelados (Ap 20.11-15). Note que os
incrédulos, ou seja, os que morreram sem conhecer a Cristo e por Ele não foram
justificados, estarão diante do trono do juízo para condenação. Os verdadeiros
cristãos não serão julgados pelos seus pecados, pois todos eles já foram
perdoados na cruz (Jo 5.24); mas estarão diante do Trono de Cristo para então
receberem o seus galardões, que a Bíblia não define quais são. (1Co 3.13-15).
Portanto, em vez de antecipar aquele solene julgamento
por suas críticas presunçosas, use a atual oportunidade para corrigir sua
conduta em relação aos outros, antes que seja tarde demais para isso. (Geoffrey
B. Wilson)
III-OS
LIMITES DA LIBERDADE (vv.13-23)
Para nós cristãos a regra áurea é: no que é essencial,
unidade; no que não é essencial, liberdade; mas, em todas as coisas, amor.
Paulo está se dirigindo aos que pensam que tem a
liberdade para fazer todas as coisas. É verdade que temos liberdade, e que o
“cristão fraco” não pode julgar-nos mas essa liberdade deve ser usufruída
dentro dos limites do amor! O cristão que insiste em exercitar sua liberdade à
custa de alguém não está agindo em amor!
Para entender melhor, tomemos um exemplo citado por
Ray Stedman...
Você já observou um pai andando lentamente ao lado de seu
filho pequeno? Ele pode andar normalmente, com passos largos, livre, mas desta
forma ele se afastaria do seu filhinho e o deixaria para trás, por isto não o
faz.
Assim é o limite do amor. Podemos até ter a liberdade
de entrar em determinados lugares e participar de coisas que você continuaria
com sua consciência perfeitamente limpa, mas você não as fará se sentir que
está se tornando um tropeço à outra pessoa. Isto pode acontecer de várias
maneiras: um novo cristão, ao seguir seu exemplo, poderá ser conduzido à uma
área fora de seu controle e assim se envolver em atividades que o arraste para
longe de Deus (Veloso).
A partir do versículo 16 somos confrontados com a
seguinte verdade: O que de fato é importante para nós? Estes debates sobre se
devemos como comer carne, dançar, festejar o Natal, etc.? São essas coisa que
regem nossa vida? É a prática destas coisas que Deus tem como propósito para
nossa vida?
Com certeza não! O reino de Deus não consiste nestas
coisas, mas sim na justiça, paz e alegria no Espírito Santo (v.17). Estas sim,
são as verdades da importantes da vida, pois os incrédulos estão constantemente
observando os crentes e avaliando como nós vivemos e tratamos uns aos outros.
Por isso seguimos a paz e a edificação uns dos outros (Jo 13.35; Fp 2.15).
O cristão mais forte pode prejudicar a si mesmo na
área da liberdade cristã ao denunciar ou desprezar a liberdade que Deus lhe deu
(Gl 5.1), ou por usufruir de sua liberdade de maneira negligente, sem se
preocupar sobre como isso pode afetar a vida de outros (1Co 10.23-32) (MacArthur, 2011).
CONCLUSÃO
É importante saber que a nossa liberdade não pode
servir de pretexto para menosprezar ou escandalizar nosso e que também não
somos os juízes daqueles que têm costumes ou tradições diferentes da nossa e
acerca das quais a Bíblia simplesmente se cala.
É sempre bom lembrar a máxima: no que é essencial,
unidade; no que não é essencial, liberdade; mas em tudo, amor.
Deus nos abençoe.
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