sexta-feira, 24 de abril de 2009

Princípios Bíblicos para Casais.

Texto básico: Efésios 5.22-33.
Introdução:
A vida a dois é um enorme desafio, pois se trata de dividir sua vida com uma pessoa diferente em tudo. Ela vem de outra família, recebeu outra educação, comia outro tipo de comida, usava outra marca de sabonete, tinha horários diferentes dos seus, entre outras várias coisas que poderiam ser mencionadas aqui. Porém, esse desafio é um pequeno preço a se pagar diante de tamanha felicidade e benção que é a vida de casado.
Hoje vamos fazer uma pequena reflexão acerca da benção do casamento, dos problemas que porventura possam vir acontecer e como superá-los para manter a união conjugal uma grande benção. Que o Senhor nos faça compreender seu maravilhoso projeto.

I – Entendendo a grandeza do amor.
O amor é algo tão maravilhoso e intenso que não existe uma palavra apenas que contenha sua expressão total. Na língua grega existem cinco palavras que detalham diferentes aspectos do amor. Vejamos:
· Amor físico – Desejo sexual (gr. EPITHUMIA). – A Bíblia jamais chama epithumia de amor. Quando usada em sentido negativo é traduzida como lascívia. Quando em sentido positivo, vem como desejo. É a este segundo que nos referimos. Pergunte-se: “Eu sou amante do meu cônjuge?”.
· Amor emocional – Afeição romântica (gr. EROS). – A idéia fundamental é a de romance. Nem sempre eros é sensual ou amor carnal. É na verdade, um amor romântico, apaixonado e sentimental. Os casamentos começam frequentemente através dele. Pergunte-se: “Eu sou namorado do meu cônjuge?”.
· Amor social – Associação leal (gr. STORGE). – Citado no Novo Testamento, como tipo de afeto compartilhado por pais e filhos ou irmãos e irmãs. Todo ser humano tem a necessidade de pertencer a um grupo. Esse aspecto do amor dá a um cônjuge necessidade de pertencer um ao outro. Não mais “eu”, mas “nós”. Nisto está inclusa a idéia de defesa e refúgio emocional (Ec 4.9-12). Pergunte-se: “Eu sou sócio do meu cônjuge?”.
· Amor intelectual – Amizade íntima (gr. PHILEO). – Significa querer bem, mostrar afeição pela pessoa amada, mas espera sempre ser correspondido. Cria amizade íntima, que tem prazer em estar junto. Divide pensamentos, sentimentos, atitudes, planos e sonhos, coisas íntimas e particulares. Compartilham seu tempo e interesses. O objetivo é ter tudo em comum. Fazer pontes entre o mundo da esposa e do marido. Compreender e ser compreendido. Pergunte-se: “Eu sou o melhor amigo do meu cônjuge?”.
· Amor sobrenatural – Serviço sacrificial (gr. AGAPE). – Ágape é totalmente desprendido, pois tem a capacidade de dar e continuar dando, sem esperar nada em troca. Ele valoriza e serve a outra pessoa. É um amor ativo, não emocional. Não o que sinto, mas o que faço. Amar é dar, suprir necessidades, é servir (Ef 5.25). É fruto da vontade pessoal. Eu tenho que decidir amar, um amor é incondicional, eu amo mesmo que não seja correspondido. Pergunte-se: “Eu sou servo do meu cônjuge?”.

II – O que Deus quer de cada um.
1. O dever das mulheres (Ef 5.22-24).
“Sejam submissas... como ao Senhor”.
O conceito de submissão de Jesus era em muito diferente do conceito dos judeus, gregos e romanos.
Os judeus, nesta época, em suas orações matinais, agradeciam a Deus por não terem nascido gentios, escravos e mulheres.
Os gregos, com vida familiar perto da extinção, praticavam largamente a infidelidade. As esposas serviam apenas para cuidar da casa e dos filhos legítimos.
Os romanos tinham o adultério como prática corrente. As esposas eram subjugadas completamente aos maridos, que poderiam até vendê-las como escravas. Tinham incapacidade legal (sem direitos). Eram descritas como “imbecilitas”.
Jesus não humilhou, mas sim exaltou a mulher. Conversou até, com mulheres que não seriam consideradas dignas (a samaritana). Também evitou a execução sumária da mulher adúltera.
Vejamos então o conceito Neo-testamentário de submissão.
· Não tem nada a ver com escravatura, mas com o conceito que Jesus desenvolve em Jo 15.15.
· A palavra submissão quer dizer “debaixo da missão”. A esposa dando suporte ou sustentação à missão do marido. Isso não implica em anulação dos ideais da mulher, mas sim em prioridade de objetivos do casal.
· Submissão não é só dever da mulher, mas dever do cristão – Veja Efésios 5.21, onde Paulo exorta os cristãos a se sujeitarem uns aos outros. A partir daí, ele dá exemplos de submissão citando esposas (5.22), filhos (6.1) e empregados (6.5).
· A submissão é ao marido que a ama, e não a um estranho. Paulo não pede que os homens sejam mandões ou brutos ou sem educação. Ele manda que os maridos amem as suas mulheres. Tanto que ele repete a exortação de amar as mulheres quatro vezes (Ef 5.25,28 e 33).
· No lar, há um conceito de ordem, como o que existe na igreja. Paulo, no v. 23, mostra que o marido é o cabeça, tal como Cristo. O nosso lar é um microcosmo da igreja. Poderíamos dizer que nossa casa é a igreja local da rua onde moramos.
O conceito de ordem, respeito e amor que a igreja prega, tem que começar no lar. Este é o projeto de Deus.

2. O dever dos maridos (Ef 5.25-33).
Se a palavra para as esposas é submissão, para os maridos é amor.
· O exemplo de amor é o de Jesus. O marido é a cabeça da esposa, como Cristo (v.23). Deve amar a esposa como Cristo amou a igreja (v. 25). Deve alimentar e cuidar da esposa como Cristo (v. 29).
· É um amor que se sacrifica para servir (como o de Jesus). Nos versículos 25,26 e 27 encontramos cinco verbos que detalham o que Jesus fez, e é o padrão para o amor dos maridos:
ü Amou a igreja – o amor antecede o sacrifício. Por amar o povo, Cristo decidiu salvá-lo.
ü Entregou-se por ela – esta entrega teve como conseqüência sua morte na cruz.
ü Purificou-a – sua palavra purifica ao que se arrepende.
ü Santificou-a – é sua consagração. Um processo constante para cada dia torná-la mais santa no caráter e na conduta, pelo poder do Espírito Santo.
ü Para apresentá-la – no final dos tempos, gloriosa, irradiando aos outros a beleza, o brilho e o próprio ser de Deus.
Da mesma forma como o noivo (Cristo) trabalha para embelezar a noiva (Igreja), os maridos devem procurar desenvolver essas qualidades em suas esposas.

3. A vida sexual do casal.
· Deus criou o sexo – Gn 2.24
· O coito (leito) sem mácula – Hb 13.4.
· I Co 7.3-5 - O marido satisfaça a mulher e vice-versa; faça as coisas certas, fale as coisas certas. No casamento os cônjuges são livres para buscarem o máximo de prazer sexual.
· I Pe 3.7 – Tenha relações sexuais com entendimento. A primazia da intimidade sexual é da mulher. O relacionamento sexual é fundamental para a vida espiritual.
· O homem:
1.Beije-a – Ct 1.2.
2.Seja gentil e agradável - Ct 1.16. (conseqüência: leito viçoso).
3.Elogie o corpo de sua mulher - Ct 4.1ss.
4.Desfrute do corpo dela – Ct 7.7,8.
· A mulher:
1.Cuida de sua aparência física – Ct 1.15.
2.Elogie o corpo do seu marido – Ct 5.11 ss.
3.Beije-o – Ct 5.16.
4.Se entregue voluntariamente ao seu amado – Ct 6.3.

CONCLUSÃO:
· Submissão é entregar-se a alguém.
· Amar é entregar-se por alguém.
Assim sendo, submissão e amor são dois aspectos de entregar-se, que é o fundamento para um casamento duradouro.

Por Ioséias C. Teixeira 24/04/2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Logos e Rhema

Em grego, o idioma em que se escreveu o Novo Testamento, existem dois vocábulos que se traduziram ao espanhol como “palavra”. Um é ‘logos’, e o outro é ‘rhema’. Embora o significado geral é “palavra”, em grego os dois vocábulos mencionados têm matizes diferentes, que o vocábulo espanhol não reflete.
’Logos’ é a Palavra de Deus que foi dita uma vez. ‘Rhema‘ é a Palavra que foi dita pela segunda vez. A Bíblia inteira é a Palavra (logos) de Deus. É o que Deus já falou na história, é a palavra de verdade, uma revelação completa, cabal, da vontade de Deus para o homem.
Mas a Bíblia não é a ‘rhema’ de Deus, porque a ‘rhema‘ é o que Deus nos fala pela segunda vez, por meio do Espírito Santo, em forma específica ao nosso coração. O ‘logos’ é a Palavra objetiva; ao contrário a ‘rhema’ é a Palavra subjetiva. Quando María recebeu a visita do anjo, lhe trouxe a ‘rhema’ de Deus. Por isso María pôde dizer: “Faça-se comigo conforme a sua palavra” (’rhema’) (Lc. 1:38). Deus tinha falado a ela especificamente.
A ‘rhema’ de Deus não é independente do ‘logos’, pois se apóia nele. Quando Deus nos fala de maneira específica, o Espírito Santo usará o ‘logos’ para fazê-lo, e o fará aplicando-o à nossa situação presente. Um fragmento do ‘logos’ se transformará em ‘rhema’ para nós, e suprirá nossa necessidade. Quando o Senhor respondeu a Satanás no deserto disse: “Não só de pão viverá o homem, mas também de toda palavra (’rhema’) que sai da boca de Deus” (MT. 4:4). O Senhor tinha recebido a ‘rhema’ de Deus, esse era seu alimento, portanto não precisava converter as pedras em pão.
São as ‘rhemas’ de Deus os que nos alentam, exortam-nos, edificam-nos. São as respostas de Deus, procedentes de sua Palavra, que nos enchem o coração de certeza, gozo e paz.
Como a igreja é purificada hoje das impurezas do mundo? “Pela lavagem da água pela palavra” (’rhema’) (Ef.5:26). Que importante é! Quanto necessitamos das ‘rhemas’ de Deus!
Agora, como obter estes ‘rhemas’? Primeiro, devemos estar muito familiarizados com o ‘logos’. Temos que encher nossa mente e nosso coração com a Bíblia; assim, o Espírito Santo terá muito o que lançar mão para nos falar em situações determinadas. O Espírito Santo tomará a letra da Palavra (o ‘logos’) e a transformará em espírito, pois a Palavra (a ‘rhema’) é espírito e vida, é a Palavra viva de Deus.
Se nos abrirmos a Palavra de Deus (o ‘logos’), para que abunde em nosso coração, as rhemas abundarão também em nossa vida, e assim a Palavra de Deus paulatinamente se irá encarnando em nós. Quer dizer, iremos sendo transformados na mesma imagem de nosso Senhor Jesus Cristo. Para concluir a “rhema” é a revelação dada pelo Espírito Santo de Deus; àquilo que transcende a Palavra escrita.