A EPÍSTOLA DE
PAULO AOS ROMANOS
CAPÍTULO 7 – Mortos para o pecado e vivos para deus
TEXTO-CHAVE
“Mas agora estamos livres da lei, pois morremos para
aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito e
não na velhice da letra”.
Romanos 7.6
VERDADE
TEOLÓGICA
“Nenhum de nós é capaz de servir a Deus por nossas
forças. Sem o Espírito Santo estamos entregues às paixões da carne”.
Ioséias C. Teixeira
ESTUDO DE
PREPARAÇÃO SEMANAL:
Segunda-feira:
Rm 7.1-6
A Lei e o crente.
Terça-feira:
1Tm 1.8-17
Os objetivos da Lei e a eficácia da graça.
Quarta-feira:
Rm 7.7-13
O papel da Lei é revelar o pecado
Quinta-feira:
Gl 3.1-29
A loucura de querer se auto justificar pela Lei
Sexta-feira:
Rm 7.14-25
A Lei de Moisés e a vida carnal.
Sábado: Is
64.1-12
Uma oração pela misericórdia de Deus.
LEITURA
BÍBLICA CONGREGACIONAL
Romanos
7.1-6
1-NÃO sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem
a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?
2-Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto
ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do
marido.
3-De sorte que, vivendo o marido, será chamada
adúltera, se for doutro marido; mas, morto o marido, livre está da lei e assim
não será adúltera, se for doutro marido.
4-Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a
lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou
dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.
5-Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos
pecados, que são pela lei, obravam em nossos membros para darem fruto para a
morte.
6-Mas agora estamos livres da lei, pois morremos para
aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito e
não na velhice da letra.
ELUCIDAÇÃO
TEXTUAL
Nosso texto de estudo hoje trata da dificuldade envolvida na doutrina
de ser a justiça de Deus um dom gratuito através da justificação somente pela
fé, pois para os judeus a condição de justo somente seria obtida pela
observância minuciosa da Lei.
Como os judeus quase adoravam a Lei por si mesma seria uma blasfêmia desmedida
afirmar que a fé tomava o seu lugar.
INTRODUÇÃO
Romanos 7 descreve o modo de vida carnal que tenta ter
uma existência vitoriosa por méritos e esforços pessoais. Paulo usa o pronome
“eu” por diversas vezes nesse capítulo e não menciona o Espírito Santo nem uma
vez sequer. Por isso, não importa a intensidade do esforço humano, quem viver
assim só terá derrota, pois é impossível viver o cristianismo sem o Espírito
Santo. Entretanto, Paulo também apresenta as bases fortes que possibilitam uma
vida vitoriosa.
Nesta lição veremos a relação entre a Lei e o crente
(vv.1-6), o papel da Lei (vv.7-13) e a relação entre a Lei mosaica e o crente
carnal (vv.14-25). Envolva-se e contribua com o crescimento de todos
participando ativamente do debate na aula.
I–a lei e o crente (vv.1-6).
Paulo afirma categoricamente que a Lei tem domínio
sobre o homem enquanto ele viver. Para explicar essa afirmação ele emprega a
figura do casamento, no qual os cônjuges estão vinculados um ao outro até a
morte, pois somente a morte anula os votos do casamento e libera o outro para
que se case novamente, seja pela Lei judaica ou romana.
O apóstolo emprega a ilustração da viúva emancipada,
livre da lei do marido, por morte deste. Neste caso a lei perde o seu efeito.
Da mesma forma, os cristãos morrem para a Lei por meio do corpo de Cristo
(v.4). Segundo o Dr. John Stott “Fica absolutamente claro através da mensagem
destes versículos que tornar-se cristão acarreta uma mudança completa de
relacionamento e obediência”.
“Ao fim do capítulo 6, duas diferentes formas de
escravidão são comparadas entre si; aqui, a posição do cristão se move entre
dois casamentos: o primeiro se desfaz pela morte, permitindo a ocorrência do
segundo”.
“Antigamente, era comum usar-se a expressão ‘casado’
com a Lei (nossa obrigação para com a Lei era tão efetiva quanto os laços
matrimoniais); mas agora estamos livres para nos unirmos a Cristo. Trata-se do
mais notável uso da metáfora matrimonial que, neste caso, representa a
realidade e a intimidade de nossa união com Jesus Cristo” (vv 4,5) (Veloso).
Os dois estados de escravidão são outra vez
contrastados pelas frases novidade de espírito e velhice da lei (v.6);
representam o estado da graça e o estado da lei.
“Paulo explica como os cristãos estão sob a graça (e
não sob a Lei) em continuidade ao que já dissera em Rm 6.14. Sua tese é a
seguinte: exatamente porque a participação do cristão na morte de Cristo
libertou-o do pecado, ela também o libertou da Lei quanto aos seus aspectos
condenatórios” (Edições Vida Nova, 2012).
A Lei perde o domínio sobre o crente porque esse
morreu para ela e, portanto, seus vínculos foram completamente rompidos. Estar
vivo para a Lei significa que o pecado ainda domina o nosso coração e atitudes
e nos torna passíveis da punição da Lei.
II-o papel da lei é revelar o
pecado (vv.7-13).
“A Lei é boa porque revela que sou pecador quando a
desobedeço” (Veloso).
Assim como uma
criança pequena que risca a parede por não ter consciência do seu ato é tolerada
por seus pais quando aprende que há uma “lei” que a proíbe, sempre que riscar
uma parede saberá que está desobedecendo e, portanto, sujeita à punição.
A lei revela o pecado (v.7). Se não houvesse lei, não teríamos
consciência da força do pecado, e assim estaríamos despercebidos de sua
existência. Mas o pecado ganha força com
a lei, usando-a como uma estratégia, já que o ser-humano tem uma tendência
quase incontrolável em desejar o proibido (v.8). Como é comum ouvirmos frases
do tipo: “o que é proibido é mais gostoso”.
Quando um menino judeu alcançava a maioridade, aos 13
anos, ele se tornava obrigado a guardar a Lei. Com isso esse menino passava a
sentir o peso da impossibilidade em se viver em perfeita conformidade com as
exigências da Lei (v.9). Como explica o Dr. John MacArthur (MacArthur, 2011), ao entender as exigências da
Lei moral de Deus a pessoa toma consciência da sua condição de pecador perverso
(cf. 1Tm 1.15).
A Lei realça toda a malignidade da velha natureza que
habita em nós, levando-nos a pecar, e a receber o salário desse pecado: a morte
(v.10).
Em tese, qualquer pessoa que cumprir a Lei
perfeitamente herdará a vida eterna. Entretanto ninguém jamais conseguiu
realizar esse feito, senão o Senhor Jesus. O pecado lança mão do mandamento,
que é bom e santo, para instigar e enganar pelo mal (v.10).
Quando o homem acredita que seja capaz de se
justificar diante de Deus por meio do cumprimento da Lei e de que o Senhor o
aceita pelos seus méritos pessoais, ele acaba por encontrar a morte (v.11). No
entanto, a Lei é santa e o mandamento santo, justo e bom (v.12); nós é que não
somos capazes de viver em conformidade com ela. O pecado lança mão da santidade
da Lei para nos instigar à transgressão tendo como base a nossa fraqueza carnal
(v.13).
A Lei, ao nos tornar conscientes de nossa
pecaminosidade e incapacidade de cumpri-la, nos faz sentir a necessidade da
misericórdia e da graça perdoadora de Deus oferecida ao que se arrepende. Sem a
santa Lei não sentiríamos essa necessidade.
III-A LEI DE MOISÉS E a VIDA CARNAL (vv.14-25)
“Este texto tem causado muita controvérsia entre os
vários estudiosos de Romanos. O debate gira em torno de ‘quem é a pessoa aqui
relatada? ’. Seria um convertido ou não? Seria o próprio Paulo antes da
conversão, ou depois?” (Veloso).
Parece-me que o texto não define a pessoa porque ela
pode ser eu, você, Paulo, Pedro ou qualquer outro. O fato é que o texto
descreve uma pessoa que tenta ser boa e santa pelos seus esforços pessoais (Gl
3.3).
Embora a Lei seja espiritual eu não sou (v.14). Aí
está o grande problema! Por isso não consigo viver à altura de algo tão
espiritual e santo, pois sou pecador.
A Lei é espiritual porque revela a natureza e caráter
de Deus (MacArthur, 2011). Mas a Lei não
pode salvar e santificar (Rm 3.20; Gl 3.11,23,24).
A Lei é santa em si mesma porque foi dada por Deus,
mas ela não pode santificar ninguém porque não nos dá poder sobre a carne e sim
aponta a sua fraqueza. Por essa razão nos surpreendemos realizando coisas que
pelo nosso conhecimento da Lei desaprovamos, pois o pecado contamina e frustra
nossos desejos interiores de obedecer à vontade de Deus (v.15) (MacArthur, 2011)
Segundo o falecido pastor Ary Veloso, da Igreja
Batista do Morumbi, em São Paulo: “Nos versos 15-25 Paulo descreve a triste
condição do crente carnal em detalhes: ele é um homem divido, sabe o que é
certo e quer fazê-lo, mas faz o errado.
A luta entre as suas duas naturezas é forte, pois tem
a natureza carnal que herdou de Adão e tem a natureza espiritual que recebeu de
Cristo após a sua conversão; e é assim também com você e comigo, temos duas
naturezas em nós: a carnal e a espiritual. Qual delas vai dominar a nossa
vida?” (Veloso).
A grande lição deste capítulo é que não adianta pensar
que podemos viver uma vida cristã e resolver nossos problemas, grandes ou
pequenos, na base do esforço-próprio. Jamais iremos vencer o mal, a carne e o
pecado em nossa vida, “mas graças a Deus, que através de Cristo nos libertou da
Lei e colocou em nós o Seu Espírito Santo, pois como nos ensinou o Senhor
Jesus: (...) sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
CONCLUSÃO
Podemos aprender do estudo que o Senhor age com amor
santo em relação aos Seus. Ele exige justiça apropriada e exclusiva na adoração
devida ao Seu nome. Nem mesmo a linhagem de Abraão conseguiu mudar isso:
ninguém tem privilégios no conceito divino, ninguém está acima da Palavra para
poder justificar seus atos iníquos.
Deus pode nos abençoar de maneira “rápida” ou pode
agir como Ele fez com Abraão ao levar primeiro seus descendentes para o Egito,
onde passaram 430 anos. Seja como for, é sábio confiar Nele, pois sabe o que
faz.
Quando conhecemos a Jesus passamos a entender que os
nossos esforços são insuficientes para agradar a Deus. Por isso, não ficamos
exaltando nossos feitos de justiça diante dos homens, pois eles não passam de
trapos de imundícia (Is 64.6), mas anunciamos com muita alegria a graça e a
misericórdia do Senhor, porque foi por elas que fomos salvos.