segunda-feira, 27 de julho de 2009

A ONISCIÊNCIA DIVINA E A ORAÇÃO DO CRENTE

Texto: Mateus 6:8
Tese: Se Deus sabe de tudo que eu preciso, então, porque orar?


Introdução
A tese acima apresentada gera um dilema que sonda os corações de muitos cristãos hoje, e conseqüentemente, acaba por enfraquecer a vida de oração destes irmãos, tirando seu entusiasmo.
Proponho-me, neste pequeno sermão, a estar esclarecendo este dilema, na esperança de trazer um entusiasmo na oração dos filhos de Deus.

I- Deus deu domínio ao homem, e este o perdeu
“...enchei a terra e sujeitai-a...” (Gênesis 1:28)
“Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão, e sob seus pés tudo lhe puseste.” (Salmo 8:6)
Os versículos acima falam-nos da autoridade original do homem antes do pecado, porém, o homem pecou deliberadamente, tornando-se escravo do pecado e do diabo, subjugando, assim, a criação ao poder do tentador, pois “o mundo jaz no maligno”. (I João 5:19)

II- Deus restituiu a autoridade do homem em Jesus
O Senhor Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32), depois disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida.” (João 14:32), e por fim: “Eu venci o mundo.” (João 16:33)
O escritor aos Hebreus diz-nos que Jesus veio livrar aos que, “pelo pavor da morte, estavam sujeitos por toda vida.” (Hb 2:15)
O Senhor Jesus veio restituir ao homem a autoridade que este havia perdido lá no Éden, pois toda autoridade foi dada a Cristo nos céus e na terra, e aqueles que estão em Cristo têm retomada a sua autoridade aqui na terra, e estando liberto do poder do diabo e do pecado, torna-se um filho de Deus e, por conseguinte, co-herdeiro com Cristo, sendo participante das suas aflições para também participar da sua glorificação (Romanos 8:14-17).
Nossa autoridade, hoje, está alicerçada no fato de que somos embaixadores de Cristo (II Coríntios 5:20) e a nós foi confiado o reino de Deus na terra.
“Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confiro a vós.” (Lucas 22:29)

III- O respeito divino à autoridade do homem
O Senhor, embora seja soberano, respeita a autoridade que Ele mesmo deu ao homem na terra. Vejamos:
“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei. Por isso eu derramarei sobre eles a minha indignação, com o fogo do meu furor os consumi; fiz cair-lhes sobre a cabeça o castigo do seu procedimento, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 20:30-31)
Estes versículos mostram o interesse de Deus em salvar Jerusalém da destruição total. Veja que o Senhor buscou alguém na nação para interceder por ela, para que Ele a livrasse; mas como não se apresentou ninguém o Senhor derramou a sua indignação contra Jerusalém.
“Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: o que ligares na terra, terá sido ligado no céu; e o que desligardes na terra, terá sido desligado nos céus.” (Mateus 16:19)
Jesus disse a Pedro que a igreja (individual e coletiva) teria as “chaves” do reino dos céus. A expressão “chave” é uma expressão simbólica de autoridade. Portanto, Jesus disse que a igreja é a responsável pela intervenção divina na terra.
Os dois textos apresentados mostram claramente que Deus age na esfera humana quando nós nos colocamos em oração para pedirmos a sua intervenção, porém, é necessário termos em mente que, o Senhor é soberano e só agirá segundo a sua vontade expressa em sua Palavra.
Deus respeita a autoridade que Ele mesmo deu ao homem, e embora deseje fazer muitas coisas, Ele não fará se nós não pedirmos em oração.
É bem verdade que isso diz respeito a vontade permissiva de Deus; isto é, aquela vontade do Senhor que pode se cumprir ou não segundo o procedimento humano, e não a vontade soberana Dele, pois essa vontade se cumprirá, independente de qualquer que seja a postura dos homens com relação a ela.

IV- O propósito divino
O claro propósito divino com relação à oração é que o homem seja cooperador de Deus no seu eterno propósito de redimir a raça humana.
“Eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais que se seguiam.” (Marcos 16:20)
“Nós somos cooperadores de Deus, ...” (I Coríntios 3:9)
“Porém, o povo disse a Saul: Morrerá Jônatas, que efetuou tamanha salvação em Israel? Tal não suceda. Tão certo como vive o Senhor, não lhe há de cair no chão um só cabelo da cabeça, pois foi Deus com ele hoje. Assim, o povo salvou a Jônatas para que não morresse.” (I Samuel 14:45)

Conclusão
O bondoso Deus tem prazer em atender às orações dos santos, porque ele nos constituiu como embaixadores do Seu reino na terra, e como Deus cordial, Ele respeita a autoridade constituída por si mesmo e se alegra nisto, pois, tem o homem como seu cooperador.

Ioséias Carvalho Teixeira

Uma Síntese da História da E.B.D.

O movimento religioso que nos deu a Escola Dominical como a temos hoje, começou em 1780, na cidade de Glocelter, no sul da Inglaterra. O fundador foi o jornalista evangélico (episcopal) Robert Raikes, de 44 anos, redator do "Glocelter Journal". Raikes foi inspirado a fundar a Escola Dominical ao sentir compaixão pelas crianças de sua cidade, perambulando pelas ruas, entregues à delinqüência, pilhagem, ociosidade e ao vício, sem qualquer orientação espiritual.
Ele, que já há quinze anos trabalhava entre os detentos das prisões da cidade, pensou no futuro daquelas crianças e decidiu fazer algo em seu favor, a fim de que mais tarde não fossem também parar na cadeia. Procurava as crianças em plena rua e em casa dos pais e as conduzia ao local de reunião, fazendo-Ihes apelos para que todos os domingos estivessem ali reunidas. O início do trabalho não foi fácil.
Outro grande promotor da Escola Bíblica Dominical então incipiente foi o londrino William Fox, trabalhando harmoniosamente com Raikes.
De acordo com as diretrizes de Raikes, nas reuniões dominicais, além do ensino das Escrituras, era também ministrado às crianças rudimentos de linguagem, aritmética e instrução moral e cívica. O ensino das Escrituras consistia quase sempre de leitura e recitação. Em seguida, teve início a prática de comentar os versículos lidos. Muito depois é que surgiu a revista da Escola Dominical, com lições seguidas e apropriadas.

Oposição
Houve, no entanto, uma forte oposição ao movimento de Raikes, que era considerado por alguns líderes religiosos como um movimento diabólico, porque era à parte das Igrejas e era dirigido por leigos, isto é, pessoas que não tinham formação pedagógica.
O Arcebispo de Canterbury reuniu os bispos para considerar o que deveria ser feito para exterminar o movimento.
Chegou-se a pedir que o Parlamento, em 1800, aprovasse um decreto para proibir o funcionamento de escolas dominicais. Achavam que este movimento levaria à desunião da Igreja e que profanava “o dia do Senhor”. Tal decreto nunca foi aprovado.

Nessa época, quatrocentos mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais britânicas. Nesse ano ocorreu a divisão em classes, possibilitando alfabetização a adultos analfabetos.

Raikes não tomava conhecimento disso e a obra tomava vulto. O jornal do qual ele era redator foi uma coluna forte na defesa e apoio da novel instituição, publicando extensa série de artigos sob o título A ESCOLA DOMINICAL, reproduzidos nos jornais londrinos.
Em 1802, Raikes se aposentou, e, em 1811, após um ataque de coração, veio a falecer.
Seus alunos vieram ao funeral, na Igreja Anglicana, e receberam da Sra. Raikes uma moeda e uma fatia de um grande bolo de ameixa cada um.

Alguns fatos históricos

Ao fundar a primeira Escola Dominical em 20.07.1780, Raikes estabeleceu o seguinte:
desenvolver inicialmente uma fase experimental de três anos de trabalho. Após isso, conforme os frutos produzidos, ele divulgaria ao mundo tudo sobre o trabalho em andamento.
Mal sabia Raikes que estava lançando os fundamentos de uma obra espiritual que atravessaria os séculos e abarcaria o globo, chegando até nós, a ponto de ter hoje dezenas de milhões de alunos e professores, sendo a maior e mais poderosa agência de ensino da Palavra de Deus de que a Igreja dispõe.

Nessa fase experimental (1780-1783), Raikes fundou 7 Escolas Dominicais somente em Glocelter, tendo cada uma 30 alunos em média. Os abençoados frutos do trabalho logo surgiram entre as crianças, refletindo isso profundamente nos próprios pais. Estava dando certo a experiência com a Palavra de Deus! O que pode fazer a fé em Deus e, o amor a Ele e ao próximo!
Foi no dia 3 de novembro de 1783 em que Raikes triunfalmente publicou em seu jornal a transformação ocorrida na vida de duas crianças. Até hoje, 03.11.1783 é considerado como o dia natalício da Escola Dominical.

Os benditos e abundantes resultados causaram tal impacto no modo de vida da sociedade, que um ano após (1784), Raikes era o homem mais popular da Inglaterra. No ano seguinte (1785) ele organizou a primeira União de Escola Dominicais, em Glocelter. Agora, as igrejas passaram a dar apoio ao trabalho de Raikes. A Escola Dominical passou das casas particulares para os templos, os quais passaram a encher-se de crianças.
Antes de Raikes já havia reuniões similares de instrução bíblica, é evidente, mas foi ele quem, usado por Deus, popularizou e dinamizou o movimento. Na linguagem dos comerciantes, foi ele quem pôs a mercadoria na praça. Por sua vez, o atual sistema de escolas públicas gratuitas inspirou-se no movimento da Escola Dominical.

Ao final do Século XIX, muitos outros países adotaram a Escola Dominical, sempre com excelentes resultados. A própria Inglaterra reconhece que foi preservada de movimentos políticos extremistas e radicais, como o da Revolução Francesa de 1789, graças ao despertamento espiritual através de Wesley e Whitefield, e a educação religiosa provida pela Escola Dominical.
Durante muito tempo, só crianças freqüentavam a Escola Dominical. Os adultos ingressaram depois. Hoje, em inúmeros lugares, ocorre o inverso: quase só adultos são beneficiados, ficando as crianças em último plano.

Em 1784, isto é, quatro anos após o início do movimento, a Escola Dominical já contava com 250 mil alunos matriculados. A Escola Dominical é hoje um dos fatores de promoção do reino de Deus e dos destinos do mundo, através dos cidadãos nela formados. Atualmente, o número de alunos em todo o mundo é estimado em 120 milhões, com cerca de 2 milhões de escolas e 8 milhões de professores.
Quem diria que um começo tão humilde como aquele de 1780, através do irmão Raikes, chegasse a tão elevado dividendo? Está escrito em Zacarias 4.10 "... Quem desprezará o dia das coisas pequenas?“

A Escola Dominical no Brasil

A Escola Dominical no Brasil teve seu início no dia de 19 de agosto de 1855, na cidade de Petrópolis – Rj, com a presença de cinco crianças. O fundador foi o missionário Robert Read Kalley e sua esposa, Sarah Poulton Kalley, missionários Congregacionais.
Essa primeira aula de Escola de Dominical deu origem à Igreja Congregacional no Brasil. Portanto, nossa denominação teve sua origem no Brasil a partir da Escola Dominical.

Desde então a Igreja Congregacional é reconhecida como uma igreja missionária e de valorização do ensino e da formação teológica.
A questão que nos vem a mente é: estamos ainda vivendo esta realidade e sustentado esta vocação dada a nós pelo Senhor da Seara?
Nossa EBD ainda é um instrumento de evangelização?
Nossos crentes são alunos da EBD de sua igreja e amantes da Escritura?
A vocação e a filosofia dos congregacionais é a de que toda a congregação é composta de crentes capazes que são formados pela escola bíblica e teológica dominical.