domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fontes Homiléticas

HOMILÉTICA


AULA 2

FONTES HOMILÉTICAS

A homilética teve seu desenvolvimento adequado às necessidades e características básicas de cada período da história.

No período profético o método era o da palavra vinda diretamente da parte do Senhor, identificado com o característico “assim diz o Senhor” e seus possíveis equivalentes, além de os profetas também “encarnarem” o conteúdo de suas mensagens. Oséias tomou uma mulher indigna como esposa, Isaías relacionou os nomes de seus filhos à sua profecia (Is 7.3; 8.3), Jeremias usou o seu cinto (Jr 13.1-11), o vaso do oleiro (Jr 18.1-17) e a botija quebrada (Jr19.1-15) como símbolos proféticos; Ezequiel teve a morte de sua mulher como mensagem da parte do Senhor (Ez 24.15-27).

No período pós-exílico teve início a homilia primitiva, que consistia em ler em público e nas sinagogas as Escrituras explicando-as aos ouvintes (Ne 8.1-18).

Por volta dos anos 500-330 aC, os gregos Córax, Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram a retórica que, posteriormente foi aperfeiçoada pelos romanos na forma de oratória (Cícero – 106-43 aC).

Jesus pregou o evangelho com notável simplicidade, utilizando-se basicamente de parábolas, histórias análogas ao cotidiano, mas com ensinamentos espirituais profundos e simples ao mesmo tempo e também aplicando textos veterotestamentários à sua própria vida (Lc 4.16-22).

Os apóstolos, por sua vez, tinham como conteúdo básico de suas mensagens o Messias prometido na Antiga Aliança, a morte vicária de Jesus, sua ressurreição pelo poder do Espírito Santo, a promessa da gloriosa volta de Cristo e o apelo aos ouvintes para que se arrependessem e cressem no evangelho.

A igreja antiga, dos chamados pais da igreja, discípulos dos apóstolos que prosseguiram o ministério, seguiu o modelo da sinagoga, lendo e explicando de modo simples e popular a Escritura (ainda que com profundidade; não confundir simplicidade com mediocridade).

João Crisóstomo foi um dos primeiros a desenvolver uma teoria homiléticas (345-407 dC) e não por acaso, foi o mais famoso pregador da igreja antiga.

Agostinho foi o primeiro a escrever uma homiléticas em De Doctrina Christiana. Ela dividia-se em de inveniende (como chegar ao assunto) e de proferindo (como explicar o assunto). O que corresponde hoje às homiléticas material e formal.

A Idade Média não foi além de Agostinho, contudo produziu coletâneas famosas de sermões que são publicadas até hoje. O maior pregador desse período foi Bernardo de Claraval (1090-1153 dC). Graças a Carlos Magno (768-814), a pregação era feita na língua do povo e não exclusivamente em latim.

Na Reforma Protestante houve uma grande inovação. A Bíblia tornou-se o centro da pregação. Os discursos éticos e litúrgicos foram substituídos pela pregação evangélica das grandes verdades bíblicas, versículo por versículo. Tanto Lutero quanto Calvino tinham uma profunda preocupação em pregar a Escritura expositivamente para o conhecimento do povo.

Enquanto Lutero enfatizava o conteúdo da pregação, Melanchton ressaltava o método e a forma da pregação. Melanchton sugeriu que enfatizar a unidade, um centro organizador, um pensamento principal (loci) para o texto ser pregado. A pregação evangélica deveria incluir: introdução, tema, disposição, exposição do texto e conclusão.

Assim a homilética se desenvolveu até a Reforma Protestante.

Fonte:

Hans Ulrich Reifler, Pregação ao Alcance de Todos, Edições Vida Nova.

Igreja: A continuação da obra de Jesus - Atos 9.

Atos 9 – Jesus, o Caminho da Igreja.

Introdução:

A Bíblia é clara em ensinar que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Isto é, Ele não é “um” caminho, mas “o” Caminho; o único caminho que pode nos levar a Deus.

Nessa reflexão bíblica veremos como Jesus se constitui em nosso Caminho para a salvação, para o serviço a Deus, para a comunhão com os santos e para uma vida de milagres.

Que o Senhor nos guie por seu Espírito.



1. Jesus, o Caminho da Salvação – vv. 1-19

a. Saulo de Tarso estava indo a Damasco a fim de prender os irmãos porque considerava o cristianismo uma heresia sem fim.

b. Contudo, Saulo de Tarso encontrou o Caminho no caminho de Damasco.

c. Ele estava no caminho da morte e encontrou o Caminho da Vida.

d. É interessante saber que o cristianismo foi originalmente conhecido pelo nome de “o Cami-nho”

i. At 16.17; At 18.25,26; At 19.9,23; At 22.4,14; At 24. 22; 2Pe 2. 2.

e. Por tradição rabínica Saulo deve ter entendido que aquele que falava com ele fosse um an-jo. Contudo, qual não deve ter sido a sua surpresa ao constatar que era o próprio Jesus.

f. O Senhor tinha planos para ele. Anunciou a Ananias, que significa o “Senhor demonstra a sua graça”, para ir à rua Direita (esta rua existe até hoje em Damasco e corta toda a cidade de Leste a Oeste).

g. O Senhor lhe diz que Saulo será um “instrumento”, que também significa “vaso”. Ou seja, o Senhor separa vasos para consagrá-los ao seu serviço (2Tm 2.20,21), vazios de si mesmos e do pecado, mas cheios do Espírito Santo (v. 17; Gl 2.20).

h. O perseguidor Saulo não compreendia a loucura daquele suposto fanatismo, que tornava os discípulos capazes de morrer pela sua fé agora se tornará o mais fervoroso e brilhante de-fensor dessa fé na história da igreja. Seu sofrimento será uma testemunho do amor de Jesus e uma luta pela salvação da humanidade (Cl 1. 24; 2Co 11. 23).

2. O Caminho do Serviço – vv. 20-25

a. Jesus buscou Saulo pessoalmente para nomeá-lo seu servo e apóstolo –

i. 1Co 9. 1; 15. 8.

b. Após sua conversão Saulo adota o hábito de Jesus de visitar sinagogas e aceitar convites que normalmente eram feitos aos mestres visitantes para pregar.

i. At 13.5; 14. 1.

3. O Caminho da Comunhão – vv.26-31

a. Saulo foi para Jerusalém quando descobriu que tramavam sua morte em Damasco (v.25).

b. Em Jerusalém Saulo foi recebido com muitas reservas, pois os irmãos achavam que ele estava fingindo sua conversão a fim de prender mais crentes (v.26).

c. Contudo, o amor e a comunhão do irmão Barnabé (sig. Filho da consolação) respaldaram a vida de Saulo diante dos apóstolos (v.27).

d. O respaldo do irmão Barnabé gerou a confiança necessária nos apóstolos para o estabele-cimento da comunhão entre eles e a oportunidade para que Saulo pregasse a Palavra entre eles (v.28,29).

e. O aumento da comunhão entre os irmãos e o respaldo dos apóstolos gerou na igreja o dese-jo de ter o irmão Saulo entre eles, pois seu testemunho era muito importante (v.30).

f. A paz advinda com a conversão de Saulo, a comunhão entre os irmãos com o respaldo pas-toral dos apóstolos e a coragem concedida pelo Espírito Santo à igreja promoveu um cres-cimento contínuo da igreja (v.31).

4. O Caminho de Milagres – vv.32-43

a. Com a ida de Saulo para Tarso Lucas foca seu comentário na atuação de Pedro pelo campo missionário.

b. Chegando à cidade de Lida o Senhor o usa para curar um irmão que jazia em um leito de enfermidade há oito anos e muitos viram esse feito do Senhor através de Pedro e se converteram a Jesus (vv.32-35).

c. Enquanto Pedro estava em Lida uma irmã muito amada e caridosa faleceu em Jope, seu nome era Tabita. Como Jope distava de Lida em apenas 20 Km os irmãos mandaram chamar Pedro pedindo-lhe urgência (vv.36-38).

d. Ao chegar ali Pedro ouviu as pessoas que conviviam com ela testemunhando de sua vida e obra. Após isso, o apóstolo pede para ficar a sós no quarto e ordena que o ela se levante e ela abriu os olhos, viu a Pedro e sentou-se (vv.39,40).

e. Após esse milagre Pedro deu a mão a Tabita, ajudou-a a ficar de pé, chamou os santos e apresentou-a viva a todos (v.41).

f. Este fato gerou muitas conversões naquela cidade (v.42) e Pedro permaneceu ali na casa de um irmão que era curtidor de peles (v.43) e que era discriminado pelos judeus como impu-ro, por tocar a pele de animais mortos, mas para Pedro ele era um santo em Jesus.

Conclusão:

Jesus é o Caminho (Jo 14.6).

• Nosso caminho da salvação – At 4.12.

• Nosso caminho do serviço – Rm 15.17.

• Nosso caminho da comunhão – 1Jo 1.7.

• Nosso caminho de milagres – Jo 14.12; At 19.11.

• Andar por esse caminho é crer e viver aquilo que aqui foi apresentado. Tenha certeza da sua salva-ção, dedicação no serviço ao Senhor, busca e entrega constante à comunhão e certeza de fé no mi-lagre sempre.

• Cl 2.6. Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele.

Pastor Ioséias.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Homilética - A arte de expor a Escritura

Aula 1 - Introdução à Homilética.

Etimologia e definições:

A expressão “homilética” tem sua origem nos substantivos gregos “homilia” (sig. Associação, companhia – 1Co 15.33) e “homilos” (sig. Multidão, turma, assembleia do povo – At 18.17) e no verbo da mesma língua “homíleo” (sig. Falar, conversar – Lc 24.14s; At 20. 11; 24.26).

O termo homilética passou a ser utilizado pelos iluministas, nos séculos XVII e XVIII, que os passaram a utilizar nas diversas disciplinas teológicas; por exemplo, apologética, exegese, dogmática, etc.

A homilética é uma ciência por estar alicerçada em fundamentos teóricos (históricos, psicológicos, sociais); é também uma arte por ser avaliada pela sua beleza (de conteúdo e forma) e é uma técnica porque é exposta com métodos específicos de execução e ensino.

Propósitos da Homilética

Os propósitos da homilética são, basicamente dois. Primeiro, dar àquele que prega um parâmetro pelo qual se guiar de forma lógica e ordenada e, segundo, dar ao que recebe a pregação uma sequencia lógica e racional que lhe facilite o entendimento.

Vantagens e problemas da homilética.

As vantagens da homilética são inúmeras. Aquele que domina a homilética tem o privilégio de preparar uma mensagem fiel à Escritura com coerência, lógica, forma e conteúdo. Também exporá essa mensagem com ousadia porque estará falando com propriedade sobre o tema uma vez que trabalhou arduamente nele.

Outra grande vantagem da homilética é para o ouvinte. Ele consegue entender o que está sendo transmitido com clareza devido à ordenação da mensagem e, consequentemente, tem melhores condições de responder positivamente ao apelo que lhe for feito (embora não se deva esquecer jamais que o papel do convencimento é do Espírito Santo e não nosso).

Já as desvantagens da homilética se devem à falta de preparo do pregador, à falta de unidade do conteúdo na pregação, a confiança apenas na capacitação teórica a despeito da vida com Deus e o apego a termos técnicos e/ou difíceis em detrimento da simplicidade do evangelho.

Fontes homiléticas.

As fontes homiléticas tem sua origem na Escritura. No período profético o método era o “assim diz o Senhor”, ou seja, uma palavra que direta de Deus através do seu profeta que além de anunciar a mensagem também a encarnava, vivendo-a pessoalmente. O profeta Isaías relacionou o nome dos seus filhos à profecia (Is 7.3;8.3), Jeremias utilizou o seu cinto para entregar uma mensagem do Senhor (Jr 13.1-11) e o vaso do oleiro para exemplificar o domínio do Senhor sobre Israel (Jr 18.1-17), Ezequiel teve na morte de sua esposa uma mensagem profética (Ez 24.15-27), etc.

No período pós-exílico foi desenvolvida a pregação primitiva com a exposição de passagens da Escritura ao povo publicamente ou nas sinagogas (Ne 8.1-18).

Os gregos desenvolveram a retórica por volta dos anos 500-300 aC e o romanos a aperfeiçoaram por meio da oratória.

O Senhor Jesus utilizava o método de Parábolas com base no ensino do Antigo Testamento, que eram aplicadas à vida das pessoas (Lc 4.16-22).

No período apostólico a homiléticas seguia o seguinte padrão: O Messias prometido no Antigo Testamento, a morte de Jesus, sua ressurreição pelo poder do Espírito Santo, a gloriosa volta de Cristo e o apelo ao ouvinte para se arrepender e crer no Evangelho. Assim também agiram os cristão primitivos, expondo a Escritura de forma simples popular.

As primeiras teorias homiléticas surgiram com João Crisóstomo (345-407 dC), mas a primeira homiléticas escrita pertence a Agostinho que dividiu-a em de inveniende (como chegar ao assunto)e e de proferindo (comoexlicar o assunto). Na prática hoje correponde à homiléticas material e à homiléticas formal.

Na Idade Média não houve nenhum avanço além daquilo que Agostinho já havia proposto. Mas na Reforma Protestante a Bíblia torna-se o centro da pregação e aqueles discursos éticos e litúrgicos foram suplantado pela pregação das grandes verdades bíblicas, versículo por versículo, e Melanchthon desenvolveu o método e a forma da pregação. Ele sugeriu enfatizar a unidade do sermão que deveria girar sobre um pensamento principal e que o sermão deveria ter introdução, tema, disposição, exposição do texto e conclusão.



Fonte:

Hans Ulrich Reifler, Pregação ao Alcance de Todos, Edições Vida Nova.