segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Homilética - A arte de expor a Escritura

Aula 1 - Introdução à Homilética.

Etimologia e definições:

A expressão “homilética” tem sua origem nos substantivos gregos “homilia” (sig. Associação, companhia – 1Co 15.33) e “homilos” (sig. Multidão, turma, assembleia do povo – At 18.17) e no verbo da mesma língua “homíleo” (sig. Falar, conversar – Lc 24.14s; At 20. 11; 24.26).

O termo homilética passou a ser utilizado pelos iluministas, nos séculos XVII e XVIII, que os passaram a utilizar nas diversas disciplinas teológicas; por exemplo, apologética, exegese, dogmática, etc.

A homilética é uma ciência por estar alicerçada em fundamentos teóricos (históricos, psicológicos, sociais); é também uma arte por ser avaliada pela sua beleza (de conteúdo e forma) e é uma técnica porque é exposta com métodos específicos de execução e ensino.

Propósitos da Homilética

Os propósitos da homilética são, basicamente dois. Primeiro, dar àquele que prega um parâmetro pelo qual se guiar de forma lógica e ordenada e, segundo, dar ao que recebe a pregação uma sequencia lógica e racional que lhe facilite o entendimento.

Vantagens e problemas da homilética.

As vantagens da homilética são inúmeras. Aquele que domina a homilética tem o privilégio de preparar uma mensagem fiel à Escritura com coerência, lógica, forma e conteúdo. Também exporá essa mensagem com ousadia porque estará falando com propriedade sobre o tema uma vez que trabalhou arduamente nele.

Outra grande vantagem da homilética é para o ouvinte. Ele consegue entender o que está sendo transmitido com clareza devido à ordenação da mensagem e, consequentemente, tem melhores condições de responder positivamente ao apelo que lhe for feito (embora não se deva esquecer jamais que o papel do convencimento é do Espírito Santo e não nosso).

Já as desvantagens da homilética se devem à falta de preparo do pregador, à falta de unidade do conteúdo na pregação, a confiança apenas na capacitação teórica a despeito da vida com Deus e o apego a termos técnicos e/ou difíceis em detrimento da simplicidade do evangelho.

Fontes homiléticas.

As fontes homiléticas tem sua origem na Escritura. No período profético o método era o “assim diz o Senhor”, ou seja, uma palavra que direta de Deus através do seu profeta que além de anunciar a mensagem também a encarnava, vivendo-a pessoalmente. O profeta Isaías relacionou o nome dos seus filhos à profecia (Is 7.3;8.3), Jeremias utilizou o seu cinto para entregar uma mensagem do Senhor (Jr 13.1-11) e o vaso do oleiro para exemplificar o domínio do Senhor sobre Israel (Jr 18.1-17), Ezequiel teve na morte de sua esposa uma mensagem profética (Ez 24.15-27), etc.

No período pós-exílico foi desenvolvida a pregação primitiva com a exposição de passagens da Escritura ao povo publicamente ou nas sinagogas (Ne 8.1-18).

Os gregos desenvolveram a retórica por volta dos anos 500-300 aC e o romanos a aperfeiçoaram por meio da oratória.

O Senhor Jesus utilizava o método de Parábolas com base no ensino do Antigo Testamento, que eram aplicadas à vida das pessoas (Lc 4.16-22).

No período apostólico a homiléticas seguia o seguinte padrão: O Messias prometido no Antigo Testamento, a morte de Jesus, sua ressurreição pelo poder do Espírito Santo, a gloriosa volta de Cristo e o apelo ao ouvinte para se arrepender e crer no Evangelho. Assim também agiram os cristão primitivos, expondo a Escritura de forma simples popular.

As primeiras teorias homiléticas surgiram com João Crisóstomo (345-407 dC), mas a primeira homiléticas escrita pertence a Agostinho que dividiu-a em de inveniende (como chegar ao assunto)e e de proferindo (comoexlicar o assunto). Na prática hoje correponde à homiléticas material e à homiléticas formal.

Na Idade Média não houve nenhum avanço além daquilo que Agostinho já havia proposto. Mas na Reforma Protestante a Bíblia torna-se o centro da pregação e aqueles discursos éticos e litúrgicos foram suplantado pela pregação das grandes verdades bíblicas, versículo por versículo, e Melanchthon desenvolveu o método e a forma da pregação. Ele sugeriu enfatizar a unidade do sermão que deveria girar sobre um pensamento principal e que o sermão deveria ter introdução, tema, disposição, exposição do texto e conclusão.



Fonte:

Hans Ulrich Reifler, Pregação ao Alcance de Todos, Edições Vida Nova.

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