quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pastor: homem invisível

Nesses últimos dias tenho sido fortemente influenciado e mentoreado pelo pastor Eugene Peterson através do seu livro "Memórias de um pastor".
Decidi escrever esse breve artigo depois de ler o capítulo 35 do livro, que tem como título "Invisíveis seis dias por semana, incompreensíveis no sétimo". Neste capítulo o pastor Eugene lembra de um vizinho que ele tinha e que sempre brincava com ele dizendo: "E aí, pastor? Um dia de trabalho na semana! Deve ser muito bom". Segundo o pr. Peterson, ele ouviu essa brincadeira do vizinho por cerca de trinta anos.
Porém, é interessante notar que a brincadeira desse vizinho do pr. Eugene exprime o que se passa pela cabeça de muita gente ainda hoje.
Grande parte dos crentes não fazem ideia do que o pastor faz nos seis dias entre os domingos em que ele prega na Igreja e acabam julgando que ser pastor deve ser muito bom, pois, afinal, só se trabalha um dia por semana (no domingo).
Isso é fácil de entender, pois a maioria dos nossos crentes são pessoas que têm um trabalho de visibilidade: eles são professores, engenheiros,vendedores, médicos, funcionários do comércio, policiais, etc. Já o serviço pastoral é um serviço "invisível" por excelência. Quando visitamos um doente só ele e sua família ficam sabendo, quando mandamos uma carta ou e-mail para alguém a fim de fortalecê-lo ninguém está vendo, quando nos trancamos em nossos quartos, escritórios ou onde quer quer seja, para orar por nossa igreja, bairro, cidade ou nação, só o Senhor contempla, quando passamos madrugadas com o coração apertado porque alguém está sumido ou fraco espiritualmente e parece que nada o anima, ninguém está lá, quando dedicamos horas e horas de estudo para trazer uma palavra substancial, que alimente o rebanho do Senhor, não há ninguém. Portanto, somos invisíveis durante seis dias (em alguns casos ainda somos vistos uma ou duas vezes em cultos de meio de semana). Mas a nossa "invisibilidade" é apenas para os homens. Deus está atento ao trabalho do pastor e sabe de sua dedicação à Sua obra na Terra.
Sendo assim, o pr. Eugene me fez pensar sobre três coisas muito importantes. A primeira delas é que os verdadeiros homens de Deus não fazem marketing do seu trabalho, eles simplesmente fazem o seu trabalho e só falam dele quando se faz necessário, porque têm certeza de que aos olhos de Deus tudo isso está plenamente visível. Já a segunda coisa a que fui levado a refletir é que,de fato, há vários homens (e mulheres) que possuem o título de pastor (a), mas que são, verdadeiramente, invisíveis para a sua comunidade de fé, pois não visitam, não oram, não se dedicam ao estudo profundo da Escritura, e seu propósito maior é ganhar dinheiro às custas da sua "profissão pastoral". Eles estão muito mal, pois afinal, sua falta de trabalho também está patente aos olhos do Altíssimo e prestarão contas de sua falha. Por fim, a terceira e mais marcante é a expressão final da frase do título do capítulo 35; pastores que são invisíveis de segunda a sexta, e incompreensíveis no domingo. Isto é muito triste. Quantos pastores que não se preocupam em tornar a Escritura simples para o seu povo. Pregam muito mais preocupados em expor todo o seu conhecimento e vasto vocabulário, ou em gerar um "movimento" no meio do povo, mas as pessoas saem dali tanto ignorantes biblicamente quanto entraram.
Que o Senhor abençoe os pastores que são injustiçados por serem pré-julgados pelos homens que, ao não vê-los trabalhando, julgam-nos desocupados e aproveitadores das pessoas, mas se esquecem que se não vemos alguém trabalhando isso não quer dizer que ele não esteja.
Mas que o Senhor tenha misericórdia dos pastores (as) que não têm trabalhado com afinco no seu ministério mas querem apenas se darem bem às custas da boa fé do povo santo e os leve ao arrependimento e conversão verdadeira.
Que o Senhor nos abençoe na nossa "INVISIBILIDADE".
Pr. Ioséias.

domingo, 20 de novembro de 2011

Quatro princípios para uma vida pastoral eficaz.

João 6:5-13;26

Introdução:
Esse texto nos apresenta um milagre fantástico de nosso Senhor Jesus: a multiplicação de cinco pães e dois peixinhos para alimentar uma multidão que só de homens tinha cinco mil, sem contar mulheres e crianças. Isso quer dizer que Jesus deve ter alimentado pelo ao menos umas dez mil pessoas com aqueles cinco pães e dois peixinhos.
Mas meu propósito nessa mensagem é apresentar quatro princípios que esse texto transmite e que podem nos ser muito úteis no ministério pastoral. Vejamos:

Transição: O primeiro princípio que jamais devemos esquecer é que devemos sempre depender do Senhor e não do que achamos que deveríamos ter:

    I.        Dependa exclusivamente de Jesus.
a.  Jesus pergunta para Filipe: Como alimentar essa multidão?
b.  Parafraseando o Senhor: E aí, o que fazer para alimentar essa turma toda (vv.5,6)?
c.  Filipe responde: É preciso muito dinheiro para alimentar precariamente esse povo e nós não temos tudo isso (v.7).
d.  É interessante notar que a multidão segue a Jesus, mas quem deve alimenta-la são os discípulos (futuros apóstolos).
e.  Hoje há uma enorme multidão de cristãos que seguem a Jesus, mas quem deve alimentá-los somos nós, os pastores (Ef 4.12 – essa é a missão do pastor).
f.    Quantos domingos nós pastores já não ficamos assim, igualzinho ao Filipe? “O que é que eu vou dar pra esse povo hoje?” porque Jesus nos provou até o último minuto.
g.  Quantas vezes não somos como Filipe:
                                        i.    É preciso ampliar a igreja, mas nós não temos dinheiro.
                                       ii.    É preciso pregar substancialmente, mas eu não tenho tempo para preparar.
                                     iii.    É preciso fazer missões, mas é muito caro manter um missionário.
h.  Ficamos preocupados com aquilo que deveríamos ter em recursos para começar qualquer coisa e deixamos de confiar no Senhor.

Transição: Por isso é preciso que aprendamos o segundo princípio fundamental para uma vida pastoral eficaz:

 II.        Use os recursos que te foram fornecidos porque o Senhor os multiplicará
a.  Cinco pães e dois peixinhos dão?
b.  Enquanto Filipe está preocupado apenas com o aspecto técnico e material da necessidade, André parece mais focado na fé e apresenta a Jesus um menino que tinha cinco pães e dois peixinhos (vv.8,9). O que, obviamente, era impossível para alimentar aquela grande multidão.
c.  André usa o recurso de um menino no meio do povo para apresentar a Jesus uma proposta de solução e é a partir daí que o milagre começa a acontecer.
d.  As pessoas estão em pé, com fome e Jesus manda que os discípulos peçam que elas se assentassem e então dá graças ao Pai por aquilo que ele tem nas mãos e em seguida manda distribuir à multidão tanto quanto desejassem (vv.10,11).
e.  Lição
f.    São as pessoas que seguem a Jesus sob o nosso apascentamento que nos fornecem o “básico” para alimentar o rebanho, e nós fazemos isso a partir das necessidades que surgem de suas histórias de vida reais.
g.  A vivência pastoral ao lado das suas ovelhas, compartilhando com elas de suas lutas, derrotas e vitórias são os “cinco pães e dois peixinhos” que o Senhor multiplicará em bênção por meio da Sua Palavra para muitos outros a partir do momento em que nós levarmos a Ele.

Transição: Essas experiências com nossas ovelhas se multiplicarão em mensagens que satisfarão as suas almas e farão sobrar experiências para outras ocasiões:

III.        Não desperdice aquilo que o Senhor multiplicou através de você.
a.  Sobrou alguma coisa?
b.  Jesus não aceita que se desperdice nada e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram dos cinco pães.
c.  Lição:
d.  Assim também, nossas experiências pastorais se multiplicam e geram muitos fragmentos de nossa relação com o sagrado que podem alimentar muitas vidas a partir daquilo que já vivenciamos alimentando outros.

Transição: Mas a base da “dieta” com que estamos alimentando nosso rebanho determinará porque motivo eles seguem a Jesus:

IV.        O povo vai te seguir ou não com base naquilo que você lhes oferece.
a.  A multidão se deu ao trabalho de atravessar o mar da Galileia de Tiberíades até Cafarnaum para irem atrás de Jesus por causa do pão que foi multiplicado (vv.22-26).
b.  Lição: que tipo de “pão” estamos oferecendo?
c.  Nossa igreja atrairá as pessoas por aquilo que lhes oferecemos:
                                        i.    Se a igreja se baseia em assistencialismo ela atrairá pessoas interessadas em sua assistência social.
                                       ii.    Se ela oferece shows de música ela atrairá pessoas interessadas em se divertirem ou entreterem.
                                     iii.    Se ela oferece milagres ela atrairá pessoas interessadas em serem curadas ou em receber determinadas bênçãos.
                                    iv.    Se ela oferece prosperidade ela atrairá pessoas interessadas em enriquecerem-se.
                                      v.    Porém, quando essas coisas não acontecerem mais, as pessoas abandonarão essas igrejas e esses pastores.
                                    vi.    Mas, se a Igreja/pastor oferece a Palavra de Deus pregada na íntegra ela atrairá pessoas interessadas em conhecer a Deus e à sua vontade e essas pessoas jamais se afastarão daquela igreja porque a Palavra de Deus é um tesouro inesgotável (Rm 11.33).
CONCLUSÃO:
A vida pastoral eficaz começa por uma dependência total do Senhor Jesus e não daquilo que podemos obter por nós mesmos. Passa por humildemente apresentarmos a Ele os recursos que nos foram fornecidos e confiar no seu poder. Resulta na multiplicação do nosso pouco recurso por Sua graça e poder. E culmina com a administração da “dieta” correta ao povo que está sob o nosso pastoreio achegando-os cada dia mais ao Altíssimo.
Que o Santo Senhor nos ajude.

Pr. Ioséias C. Teixeira.
19 de novembro de 2011 – Dia do Pastor Congregacional.

sábado, 12 de novembro de 2011

Uma Parábola da nossa Redenção

Um dia Satanás e Jesus estavam conversando.
Satanás acabava de ir ao Jardim do Éden, e estava fazendo graça e rindo, dizendo:
-Sim senhor. Acabo de apoderar do mundo, cheio de gente lá embaixo. Eu
armei a eles uma armadilha, e usei uma isca que sabia que não poderiam
resistir. Caíram todos!
- O que vai fazer com eles? Perguntou Jesus.
- Ah, vou me divertir com eles. Respondeu Satanás. Vou ensiná-los como se
casar e se divorciar, como odiar e abusar um do outro, a beber e fumar,
e, é claro, os ensinarei a inventar armas e bombas para que se destruam
entre si. Realmente vou me divertir!
- E o que farás quando se cansar deles? - Perguntou Jesus.
- Ah, os matarei. Disse Satanás com os olhos cheios de ódio e orgulho.
- Quanto quer por eles? Perguntou Jesus.
- Ah, você não quer essa gente. Eles não são bons. Porque os salvaria? Você os salva e eles te odeiam.
Vão cuspir em seu rosto, vão te maldizer e te matarão. Você não quer essa gente!
- Quanto? Perguntou novamente Jesus.
Satanás olhou para Jesus e sarcasticamente respondeu:
- Todo o seu sangue, suas lágrimas e sua vida.
Jesus Disse:
- FEITO!
E assim foi pago o preço.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Como sempre ensinaram os cristãos primitivos: "Toda verdade é a verdade de Deus", não importa quem a declare. 
É preciso que entendamos que a graça comum (o dom natural que Deus concede a todos os homens) leva as pessoas a afirmarem verdades eternas, ainda que não vivam a doutrina cristã. O hábito de achar que apenas nós somos capazes de declarar as verdades de Deus não passa de mero preconceito protestante. Por isso mesmo, o que importa não é se declaramos a verdade de Deus, mas se a vivemos, pois a declaração sem a vivência apenas depõe contra nós.
Declare as verdades eternas do nosso Deus, mas, acima de tudo, viva-as, pois somente a vivência da Verdade pode nos garantir a eternidade ao lado daquele que é, Ele mesmo, essa verdade (Jo 14.6).