A EPÍSTOLA DE
PAULO AOS ROMANOS
CAPÍTULO 12 – CRISTIANISMO PRÁTICO
TEXTO CHAVE: “ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional.”.
Romanos 12.1
VERDADE
TEOLÓGICA: “O cristianismo
verdadeiramente bíblico é muito difícil, mas se não fosse assim não seria o
evangelho, pois o que realmente vale a pena custa caro”.
Ioséias C. Teixeira
ESTUDOS DE
PREPARAÇÃO SEMANAL
Segunda-feira:
Rm 12.1-8
A vida cristã verdadeira.
Terça-feira:
1Co 12.1-11
Os dons espirituais para o bem da Igreja.
Quarta-feira:
Rm 12.9-13
Amor: a essência da vida cristã.
Quinta-feira:
Mt 5.43-48
O amor incondicional é a marca do filho de Deus.
Sexta-feira:
Rm 12.14-21
Vida abençoadora.
Sábado: Pv
25.21,22
O bem constrange o perverso.
LEITURA
BÍBLICA CONGREGACIONAL
Romanos
12.1,2
1-ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional.
2-E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus..
ELUCIDAÇAO
TEXTUAL
A justiça de Deus aceita pelo crente é uma experiência
interior que deve ter expressão exterior. A conclusiva “pois” do verso 1 marca
a transição, das doutrinas da justificação, santificação e eleição para o
Cristianismo aplicado. A vida cristã é radicalmente consagrada a Deus, vivida
não em conformidade com o mundo, mas em “transformação” no sentido de Deus
(v.2).
INTRODUÇÃO
O apóstolo encerrou as partes doutrinárias da
epístola, que se ocuparam de princípios e problemas. Mostrou como ajustar
relações com Deus e como manter essas relações. Defendeu esta livre justiça de
Deus contra todas as objeções. Agora procura explicar a vida da fé na prática e
inculcar a seus leitores o dever da vida cristã.
Nesta lição, e nas seguintes, discutiremos as
implicações da graça sobre a vida prática do cristão e o seu reflexo na
sociedade.
Que o Espírito Santo nos abençoe e nos ajude a
absorver o ensino da Escritura e coloca-lo em prática no nosso dia-a-dia.
I-A VIDA
CRISTÃ VERDADEIRA (vv.1-8).
Diante da boa notícia anunciada nos capítulos
anteriores, Paulo convoca os crentes à consagração da vida completa para Deus.
Geoffrey Wilson explica que “Paulo sabe que se seus
leitores tiverem realmente compreendido sua exposição das doutrinas da graça,
esta compreensão será claramente demonstrada por um andar santo. A doutrina cristã
nunca é ensinada para prover uma espécie de iluminação do intelecto, mas para
promover obediência prática.”. Ou, como disse F. F. Bruce: “Pois, se a teologia
é graça, então a ética é gratidão!”.
Essa mudança só é possível mediante a renovação da
nossa mente (v.2a). Nossa mente é programável e estudando a Bíblia conseguimos
entender o que agrada a Deus e o que o desagrada. E uma das melhores maneiras
de se fazer isso é ler um livro da Bíblia durante muito tempo, sem pressa e
atentamente, pois somente assim seremos capazes de experimentar e comprovar a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Dentro dessa vontade de Deus entenderemos que todo
dom, inclusive do apostolado, é dádiva da graça divina, e, portanto exclui todo
orgulho.
“Muitas pessoas acham que a vida cristã consiste em
nunca pensar em si mesmo. Isso é errado! É verdade que alguns cristãos abusam
disto, ao ponto de que tudo que pensam é a respeito deles mesmos, porém Paulo
nos instrui a examinarmos a nós mesmos para vermos se estamos na fé ou não (2Co
13:5); porém, nos reforça que temos que fazer isto de uma maneira que evite a autopromoção!”
“Todos nós somos criaturas caídas e temos dentro de
nós a natureza de Adão, consequentemente, a primeira coisa a lembrar sobre si
mesmo é que há algo dentro de você que não se pode confiar completamente:
pensamentos e atitudes distorcidos e errados, e eles estarão sempre lá! Consequentemente,
em primeiro lugar examine-se com moderação e sensatez!” (Veloso).
Como nossos sentimentos estão em constante mudança,
não é seguro julgar-se baseado neles, mas em como Deus nos vê, mediante a
Escritura.
Porém, como a vida cristã é comunitária, Paulo nos
fala sobre a natureza da igreja e ensina sobre a unidade na diversidade
(vv.4,5). A Igreja, como o corpo humano, é uma em todo o mundo, todos os
cristãos lhe pertencem, e não faz nenhuma diferença qual o nome que ela tenha
em sua placa. Assim a igreja de Cristo tem muitos membros diferentes em função,
mas iguais em valor.
A igreja funciona com base nos diversos dons que Deus
lhe deu (vs.6b-8, cf. 1Co 12, 1Pe 4 e Ef 4) para que ela possa “expressar,
celebrar, demonstrar e comunicar Cristo de um modo que edifique e fortaleça a
fé em outros cristãos e faça a igreja crescer” (Veloso).
Os crentes devem servir uns aos outros com os seus dons (vv.3-8).
Você tem servido aos outros?
II-AMOR: A
ESSÊNCIA DA VIDA CRISTÃ (vv. 9-13).
O caráter essencial da Igreja deve ser de um lugar
onde o amor seja vivenciado de modo que impacte as pessoas de fora (v.9, cf.
1Tm 1.5; 1Pe 4.8).
Este amor deve ser genuíno e não hipócrita. Tornar o
amor uma farsa é uma violação de tudo que o Senhor veio fazer, pois o amor
verdadeiro vem do Espírito Santo (Rm 5.5).
Continuando o raciocínio Paulo nos ensina que devemos
odiar o que é mal nas pessoas, mas não rejeita-las por causa da maldade (v.9).
Devemos detestar e repudiar o pecado, porém aceitar o que é bom: o pecador!
Esse amor se manifesta pelo interesse e cuidado de uns
para com os outros e de um tratamento caloroso de aceitação e perdão; que considera
o outro mais do que a si mesmo e está disposto a deixar que os outros tenham o
crédito (v.10). “Ficar contente apenas com o que foi feito, e não se preocupar
em ser honrado por isto. (...) nossa carne não gosta nada disto! Estamos sempre
muito ansiosos para ser reconhecidos e honrados, mas a palavra diz que o amor
real não agirá dessa maneira!” (Veloso)
Nossa vida cristã não pode ser marcada por hesitação,
medo de realizar a vontade de Deus ou preguiça (v.11). Uma das marcas de um
cristão que anda no Espírito é que ele mantém o fervor, vivendo em Cristo com
entusiasmo e vigor!
Por isto Paulo frisa que devemos servir ao Senhor.
Para que não apaguemos da nossa mente que a consciência que estamos servindo ao
Senhor, como escravo em Seu serviço, recebendo ordens apenas dEle e obedecendo-as
sem questionamento.
Iremos nos alegrar na esperança se formos pacientes na
tribulação, e seremos pacientes na tribulação se perseverarmos na oração!
Portanto, quando a tribulação vir, a primeira coisa a fazer é começar a orar
(v.12).
A pobreza e a perseguição tornavam a hospitalidade e o
socorro aos carentes algo extremamente importante naqueles dias e também hoje é
importante que entendamos nossa responsabilidade de nos importar com as
necessidades dos outros (v.13). E para que possamos praticar essa hospitalidade
precisamos rejeitar o pecado, mas não deixar de amar as pessoas, tratar nossos
irmãos calorosamente, com aceitação e perdão, considerar o outro mais do que a
si mesmo, manter o fervor apesar das lutas e aflições e perseverante na oração
e responder às necessidades em maneiras diretas e pessoais.
“Enfim, o amor cristão é sempre modelado em uma
experiência do amor sacrificial de Deus, um amor que não olha em momento algum
para o merecimento ou não de quem o recebe” (Veloso).
III-VIDA
ÉTICA: SUBPRODUTO DO AMOR (vv.14-21).
Da mesma maneira como manifestamos amor uns pelos
outros na igreja, também devemos manifestar esse amor durante a semana com as
pessoas com quem interagimos. E Paulo dá uma orientação prática de como podemos
fazer isso: abençoando aqueles que nos perseguem e não amaldiçoando (vv.14-21).
Cabe muito bem aqui um comentário do pastor Ary Veloso
sobre esse texto: “O amor verdadeiro fala bem de seus perseguidores; e como é
difícil, não é? Isso significa que você não vai ficar por aí falando mal das pessoas
que não te tratam bem, não será áspero com elas - nem ao falar delas - mas
falará bem! Você deve encontrar algo nelas que possa aprovar, elogiar (com
sinceridade), e então é isto que deve dizer às outras pessoas. Como é difícil,
hein!” (Estudos em Romanos, 2011).
Realmente essa não é a reação natural de ninguém.
Quando agredidos física, verbal ou moralmente, tendemos a “pagar com a mesma
moeda”. Quando a carne ainda “fala alto” em nós, tendemos a amaldiçoar aqueles
que nos ferem.
Também devemos aprender a nos alegrar com os que se alegram;
chorar com os que choram (v.15), pois como disse Lenski: “Assim como a alegria
compartilhada é dobrada, assim também a tristeza compartilhada é reduzida à
metade”.
Paulo primeiro recomenda que nos alegremos porque às
vezes isso é muito mais difícil - especialmente quando desperta em nós a inveja
ou auto piedade. Quando alguém consegue algo que esperávamos conseguir pode ser
dificílimo dizer a essa pessoa, com sinceridade: “parabéns, estou feliz por
você!”. Em contrapartida, quando alguém do nosso convívio está triste, não podemos
ser indiferentes e simplesmente dizer-lhe: “O que você tem de errado? Por que
está sempre deprimido? Porque você não é alegre como eu?”. O verdadeiro amor se
coloca no lugar da outra pessoa!
Paulo ensina que devemos ter o mesmo sentimento (v.16).
Literalmente essa frase se traduz: “pensai nas mesmas coisas” (cf. 2Co 13.11;
Fp 2.2; 4.2), isto é, nunca devemos modificar nossa atitude cristã para com os nossos
companheiros; irmãos ou não. Também devemos nos acautelar de ambições egoístas,
não aspirando coisas altivas, mas buscar os deveres humildes; precavendo-nos da
presunção (cf. Pv 3.7).
Outra recomendação importante é não tornar mal por mal
(v.17; cf. Mt 5.43,44; 1Co 13.5-6; 1Ts 5.15; 1Pe 3.9) e procurar as coisas
honestas perante todos os homens; ou seja, procurar viver acima de qualquer
censura à vista das pessoas (cf. Pv 3.4; 2Co 4.2; 8.21) A admoestação seguinte
é estar em paz com todos, subordinando-se à restrição quanto depender de vós (v.18).
Na última exortação Paulo trata do tema da vingança
(v.19). Sua afirmação pode significar que devemos deixar com Deus o exercício
da ira (Dt 32.35), ou que devemos deixar que a lei da semeadura, inerente ao
universo moral, retribua o ofensor, ou devemos dar lugar à nossa cólera ou à de
nosso inimigo, até que ela se arrefeça. Porém, a primeira alternativa é a
melhor interpretação. Nossa atitude, conforme a regra do amor deve ser
misericordiosa, e não de represálias. Desta forma: “Amontoarás brasas vivas
sobre a sua cabeça” (20); isto é, fará que o ofensor tenha um sentimento
ardente de vergonha, conforme Pv 25.21,22. Assim faremos o bem triunfar sobre o
mal (v.21).
CONCLUSÃO
A consagração do crente a Deus e a vida transformada
são frutos da entrega total ao Senhor e da mudança de mente que resulta em uma
vida de amor e exercício dos diversos dons espirituais para o serviço de uns
aos outros.
Essa consagração resulta em uma vida ética, amorosa e
perdoadora, que acaba por constranger o agressor, como, ao que tudo indica,
aconteceu com Zaqueu por ocasião do seu encontro com Jesus (Lc 19.1-8).
Que o Senhor nos encha do Seu Espírito Santo para que
possamos viver essa realidade da espiritualidade cristã em sua plenitude.
glossário
Altivas – elevadas, arrogantes.
Arrefeça – esfrie.
Nenhum comentário:
Postar um comentário