Alguns textos da Bíblia me deixam perplexo. Quando os leio fico a me perguntar como é possível aplicar tal ensinamento em minha vida. E o texto de Mateus 5.48 sempre foi um desses casos. Contudo, quando me dediquei em estudar o sentido da palavra “teleios” (perfeitos) compreendi o texto com maior profundidade e ganhei um novo ânimo para vivenciar essa exigência do Senhor.
O que significa ser perfeito como o Pai celeste? Como isso é possível? Quais as implicações dessa palavra do Senhor na nossa vida? Essas perguntas é que nortearam minha pesquisa e norteia essa breve reflexão.
O texto de Mateus, conhecido como Sermão da Montanha (cap. 5.1-7.23), é o primeiro ensino que o Senhor ministrou ao colégio apostólico completo. Assim que o Mestre terminou de chamar os seus doze discípulos ele subiu a um monte e se assentou, como faziam os rabinos antes de ministrar qualquer ensino (v.1). Então Ele passou a ensinar-lhes sobre três temas importantes: as bem-aventuranças (declarações de felicidade e de bênçãos) (5.1-12); admoestações éticas (5.13-20; 6.1-7.23) e o contraste entre a ética do evangelho e o tradicionalismo religioso judaico (5.21-48).
Para compreender o que Jesus quis dizer sobre ser perfeito como o Pai celeste precisamos avaliar o ensino do Mestre com o conhecimento exato de que tipo de perfeição Ele está nos pedindo. Pois, ao ler esse texto a grande pergunta que nos vem a mente de imediato é: isso é possível? Contudo, quando o lemos na língua original (grego) percebemos que a palavra que aparece aqui (teleios) se refere àquilo que cumpre o propósito para o qual foi criado. Portanto, a perfeição que Jesus se refere é a de cumprir o propósito para o qual Deus nos criou. Portanto, o texto não fala de perfeição moral, mas perfeição funcional.
Com esse conhecimento em mente precisamos nos perguntar: “mas que perfeição funcional é essa que Jesus espera de nós?”. Bem, trata-se de ser perfeito no cumprimento do propósito para o qual fomos feitos (Ef 2.10) e que Jesus fala a partir do versículo 21 de Mateus 5.
Primeiro temos que ser perfeitos na vivência do evangelho nas relações humanas e familiares. A agressão verbal e a humilhação do próximo nos torna passíveis do juízo dos homens e de Deus e quando caímos nesse erro devemos buscar a reconciliação imediata (5.22-26). Também a santidade e indissolubilidade do casamento estão acima das leis dos homens e devemos tirar de diante de nós tudo aquilo que pode nos levar ao pecado (5.27-32).
Também temos que ser perfeitos na vivência do evangelho na comunicação. A firmeza na palavra é uma exigência para os filhos de Deus em tudo o que falam porque sua palavra deve ser pautada na verdade (5.33-37).
Ainda devemos ser perfeitos na vivência do evangelho no exercício da misericórdia e do amor. Retribuir o mal com igual reação significa ser tão perverso quanto aquele que nos feriu. Por isso, devemos agir de forma oposta ao mal(5.38-42). Amar quem nos odeia e orar por quem nos persegue é a verdadeira manifestação da paternidade de Deus sobre nós (5.43-47).
Logo, o que o Senhor espera de nós é que cumpramos o propósito para o qual fomos criados. Esses propósitos incluem a uma atitude correta em nossas relações humanas e familiares, na forma como nos comunicamos e no exercício da misericórdia e do amor.
Como anda a sua vida nessas áreas? Você tem sido perfeito como o Pai? Como você pretende viver de hoje em diante?
Que o Senhor nos abençoe e nos ajude a sermos perfeitos.
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