quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Profeta e o dom da profecia

INTRODUÇÃO


Nesta lição vamos abordar um ministério fascinante no seio da igreja, o do profeta. Mas, se Jesus disse que os profetas duraram até João, então qual a explicação para o Novo Testamento falar sobre o dom da profecia e o ministério de profeta? Também, qual a diferença entre o dom da profecia e o ministério de profeta? Há alguma?

Esse é o escopo do presente estudo. Avaliar, ainda que muito superficialmente, o ministério do profeta da Antiga Aliança e a contemporaneidade do dom de profecia e do ministério de profeta na Nova Aliança.

Envolva-se e dê a sua colaboração para a discussão do tema a fim de que todos possam crescer em conhecimento.



I – O PROFETA NA ANTIGA ALIANCA.

O ministério profético sempre foi uma realidade para o povo de Israel. Abraão foi o primeiro homem a ser chamado de profeta na Escritura (Gn 20.7) enquanto Moisés foi o primeiro profeta nacional de Israel (Dt 18.15-19).

Os profetas da Antiga Aliança tinham algumas características peculiares à sua época. Durante o período do Antigo Testamento o cânon da Escritura ainda não estava completo e o Messias ainda não havia se encarnado para nossa salvação. Sendo assim, o ministério do profeta da Antiga Aliança era, além de representante do Senhor diante dos homens, também preditivo, ou seja, ele falava sobre coisas que apontavam para o Messias que viria para salvar a humanidade.

Embora o conteúdo das profecias tivessem uma aplicação e um sentido para os receptores originais, pois Deus estava falando com eles acerca das coisas e eventos dos seus dias, também havia nelas elementos que iam além da realidade daqueles ouvintes e que apontavam para o futuro, após a vinda do Messias.

Jesus disse que a Lei e os profetas duraram até João exatamente por causa disso (Lc 16.16). Após João Batista já não havia mais a necessidade de nenhum profeta que anunciasse a vinda do Messias. Ele já estava entre nós.

O ministério dos profetas na Antiga Aliança tinha como objetivo instruir o povo de Israel, através do ensino e admoestação do Senhor (Os 12.10; Hb 1.1), e anunciar a vinda do Messias, como Pedro ensina no seu discurso no Templo de Jerusalém após a cura de um coxo (At 3.18-24).

O ministério profético da Antiga Aliança durou até João, mas o Senhor não deixou de falar com a sua igreja por meio de profecias. Apenas o método e a finalidade foram mudados, como veremos a seguir no dom de profecia e no ministério de profeta na Nova Aliança.



II – O DOM DE PROFECIA.

Esse é o principal da lista dos dons espirituais que Paulo apresenta em 1 Coríntios 12 (1Co 14.1) e é a aptidão de, por inspiração do Espírito Santo, entregar uma mensagem que vai além daquela que é geral, mas que se aplica diretamente à vida da pessoa (ou grupo) que a recebe.

Pouco antes de ser preso em Jerusalém o apóstolo Paulo recebeu uma mensagem profética de um servo do Senhor, chamado Ágabo, que lhe revelava o que o esperava em Jerusalém (At 21.10,11). Essa mensagem era exclusiva para Paulo e não se aplicava a mais ninguém.

O profeta fala mediante um discernimento que ultrapassa o que é natural, através da revelação divina para aquele momento e aquela circunstância.

O dom de Profecia não pode ser confundido com o dom ministerial de profeta (Ef 4.11), que veremos a seguir, principalmente por sua característica temporal e pessoal. Isto é, o dom de profecia é exercido na igreja para que o Senhor exorte, console ou edifique (1Co 14.3) acerca das situações que aquele que recebe a mensagem está vivendo. O dom ministerial de Profeta (Ef 4.11), por sua vez, está circunscrito à categoria do ministério de ensinamento e proclamação da Palavra universal de Deus, que se aplica a todos as pessoas em todas as épocas e lugares.

Enquanto o que exerce o dom de profecia o faz no âmbito particular o que exerce o ministério de profeta o realiza no âmbito total, a todas as pessoas, cristãs ou não. Enquanto o dom de profecia visa a exortação, consolação e edificação de uma pessoa ou grupo especifico (1Co 14.3), o ministério profético visa a doutrina que realiza o aperfeiçoamento, a capacitação para o ministério e a edificação do Corpo de Cristo (Ef 4.12).

O dom de profecia é extremamente importante para nós, pois há momentos em que estamos fragilizados ou desorientados e o Senhor então nos envia um servo dEle e nos fala acerca daquilo que estamos vivendo e o que devemos fazer. Na verdade, a função do dom de profecia é, de fato, nos suprir em nossa fraqueza. É como se Deus nos desse um “suplemento alimentar” para que nossas forças sejam restabelecidas e assim possamos continuar a caminhada cristã.

Não despreze jamais o dom de profecia, mas não o supervalorize acima do ministério de profeta, pois ambos têm objetivos diferentes e devem ser honrados por nós como veremos agora em nosso último tópico de estudo.



III – O PROFETA NA NOVA ALIANCA.

O ministério de profeta na Nova Aliança difere do ministério da Antiga Aliança em muitos aspectos. Primeiro que ser profeta do AT era um oficio (profissão), enquanto que no NT um dom (Ef 4.8,11). Segundo que no AT Deus estava sobre o homem (2Re 2.9; 2 Cr 15.1; 2Cr 20.14; Is 61.1), no NT Deus está dentro do homem (1Co 6.19). Terceiro, o ofício de profeta do AT durou até João Batista (Lc 16.16) porque apontava para a vinda do Messias, Jesus; o ministério de profeta no NT anuncia o cumprimento das promessas do AT e aponta para o retorno do Messias para buscar o seu povo. O profeta do AT ministrava a Israel, o profeta do NT ministra à igreja em toda a Terra.

O ministério de Profeta (Ef 4.11), juntamente como os demais ministérios citados ali, visa alicerçar a igreja nas verdades basilares e universais da Eterna Palavra de Deus com o propósito de que todos “cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus” (Ef 4.13).

O profeta exerce o seu ministério na igreja interpretando a Escritura e proclamando as suas verdades eternas pelo poder do Espírito Santo.

O ministério de profeta hoje é comumente chamado de ministério da pregação, mas esse ministério vai além da simples proclamação daquilo que a Bíblia diz, pois é possível que alguém pregue a Bíblia sem crer ou viver em conformidade com ela.

O profeta pode ainda ser usado pelo Senhor para predizer coisas referentes ao futuro enquanto proclama a Palavra de Deus (At 20.29-31), mas deve, acima de tudo anunciar a justiça, a vontade do Senhor, o juízo futuro e ainda confrontar o pecado conforme a Escritura.

Quando alguma igreja rejeita os profetas do Altíssimo está rejeitando a Palavra do próprio Deus e assim se afastará cada dia mais dEle. Afinal, Bíblia é a suprema profecia e aquele que a expõe com submissão e graça é o seu profeta. “Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem de repreensão e de advertência denunciando o pecado e a injustiça, então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. A política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito (2 Tm 3.1-9; 4.3-5; 2Pe 2.1-3, 12-22)” (site: gospelprime).

Jamais menospreze a palavra profética como nos exorta o apóstolo Paulo (1Ts 5.20), pois somente assim poderemos ser felizes (Pv 29.18).



CONCLUSÃO

O ministério do profeta sempre foi de suma importância para o povo de Deus. O Senhor criou esse ministério para que o seu povo não ficasse sem uma direção e orientação.

A igreja deve sempre ter os seus ouvidos atentos àqueles que proclamam com ousadia e autoridade a Palavra do Senhor de forma pura, sem misturas com conceitos, ideologias ou políticas humanas.

Valorize os profetas de Deus na Casa do Senhor, mas não os adore. Não fique andando atrás deles, pois quando o Senhor quiser lhe falar Ele os enviará a você.

Jamais despreze as profecias, quer sejam mediante o dom da profecia, quer sejam mediante o ministério profético de pregação da Palavra, pois “Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei esse é bem-aventurado” (Pv 29.18).

Que o Senhor nos abençoe.



GLOSSÁRIO

Basilares – básicas, fundamentais, principais.

Escopo – alvo, objetivo, meta.



BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo Pentecostal, Edição de 1995, SBB e CPAD.

Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, R. N. Champlin e J. M. Bentes, Volume 1, pg. 239-243, Ed. Candeia,

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