domingo, 2 de fevereiro de 2014

Quem sou eu?



Texto:
Tiago 1.1
Introdução:
Por Lauro Jardim
Não foi exatamente tranquilo o início do voo 455 da Air France que decolou de São Paulo para Paris. A responsável pela trepidação foi Marta Suplicy, que ia para a China, com escala em Paris. Ao embarcar, o casal Marta e Luis Favre relaxou e decidiu não passar pela revista de bagagem de mão feita por raios X. Os Favre furaram a fila da Polícia Federal. Vários passageiros se revoltaram. Marta respondeu que, no Brasil, as autoridades não estão obrigadas a cumprir as exigências que recaem sobre os brasileiros comuns. Os passageiros “não relaxaram” com a explicação. Continuaram a reclamar, mesmo com todos já embarcados. Deu-se, então, o inusitado: o comandante do Boeing 777, um francês, que mais parecia oficial da famosa e inesquecível “Legião Estrangeira”, daqueles soldados que ao cumprimentarem batem os calcanhares das botas e se inclinam respeitosamente, saiu da cabine do avião, chamou a segurança do aeroporto, mandou abrir as portas da aeronave, e avisou com voz solene, em português mas com forte sotaque francês, o seguinte: – Boa noite senhores passageiros. Aqui quem fala é o Comandante. Comunico que o avião não irá decolar enquanto o casal, um que se encontra na classe executiva e outro na primeira classe, não sair dos seus assentos e, levando duas bagagens de mão, passarem pelos equipamentos de raios-X. Os seguranças do aeroporto irão acompanhá-los até o local dos equipamentos. Marta Suplicy deixou seu assento na primeira classe (Favre estava na executiva) e, azul de raiva, (...), escoltada pelos seguranças foi cumprir a ordem do comandante. Nesse instante, os passageiros ‘relaxaram’, com grande alarido, e aplaudiram o comandante. A viagem transcorreu num clima de festa para os passageiros, e de velório para a dupla de pobres arrogantes. Fonte: O Globo, coluna Lauro Jardim – Indicação do assinante: Marcos Paulo
Fonte: http://flaviochaves.com.br/2014/01/27/comandante-faz-a-senadora-marta-descer-do-aviao-em-voo-para-a-franca-2/
Elucidação textual:
“A epístola de Tiago é um tratado, simples, mas organizado e lógico, sobre os aspectos éticos da vida cristã. (...) O principal tema do livro é o apelo de Tiago ao crente, para que a fé verdadeira resulte em atos visíveis de obediência e justiça (Tg 1.22)”.[1]
Proposição:
Nossa identidade espiritual é definida pela forma como nos apresentamos diante das pessoas com palavras e atitudes.
Sentença interrogativa:
De que forma a apresentação de Tiago nos ensina sobre a identidade espiritual?
Sentença transicional:
O pastor Tiago nos ensina sobre nossa identidade espiritual a partir da sua apresentação, deixando claro o seu entendimento de quem ele é.

        I.            Ele é Tiago.
a.       A Escritura cita três Tiagos: Tiago, o apóstolo, filho de Zebedeu, irmão de João; Tiago, o apóstolo, filho de Alfeu; e Tiago, meio irmão mais velho depois de Jesus, filho de Maria e José (Mt 13.55).
b.      O apóstolo Tiago, irmão de João morreu antes da carta ser escrita (At 12.2).
c.       O apóstolo Tiago, filho de Alfeu, não foi um homem de influência na Igreja.
d.      Este Tiago é, portanto, o irmão de Jesus. Durante o ministério de Jesus Tiago e os demais irmãos não criam no Senhor (Jo 7.2-5). No entanto, foi concedida a ele a graça de ver Jesus ressuscitado (1Co 15.7), o que, provavelmente, gerou a sua conversão.
      II.            Ele é servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo.
a.       Ele é servo – A palavra grega, traduzida por servo é “doulos” e se refere a uma posição de total obediência, humilda plena e lealdade inabalável. A obediência era a tarefa, a humildade, a posição e a lealdade, o relacionamento que um senhor esperava de um escravo. Não há maior atributo para o cristão que ser conhecido como servo de Jesus, obediente, humilde e leal[2].
b.      Tiago tornou-se um dos líderes mais proeminentes da Igreja, mas não era apóstolo (explicar o apostolado), mesmo sendo irmão do Senhor, e nunca exigiu tal função. Ele era pastor da Igreja de Jerusalém.
c.       Tiago estava entre os irmãos no cenáculo desde a escolha do substituto de Judas até o dia de Pentecoste (At 1.14).
d.      Quando o apóstolo Pedro foi liberto da prisão mandou que os irmãos avisassem a Tiago (At 12.17).
e.      Ele também foi o líder que se levantou e expressou sua convicção acerca da obra do Espírito Santo realizada entre os gentios, por ocasião do Concílio de Jerusalém (At 15.13) e levou a igreja a um consenso sobre sua atitude com os irmãos não judeus.
f.        Paulo, quando foi a Jerusalém pela primeira vez após sua conversão, encontrou-se com Tiago (Gl 1.19). Mais tarde o apóstolo dos gentios chamou Tiago de coluna da Igreja (Gl 2.19). E também, na sua última visita a Jerusalém Paulo esteve com Tiago (At 21.18). Veja a importância de Tiago para o apóstolo Paulo.
g.       Também Judas, quando escreveu a sua epístola, simplesmente se apresentou como irmão de Tiago (Jd 1), tamanha a fama e conceito do seu irmão mais velho.
    III.            Ele é pastor interessado no bem de suas ovelhas dispersas.
a.       Tiago não está interessado em se apresentar como irmão de Jesus ou como líder da igreja. Ele não se importa com títulos. Sua preocupação está com os irmãos que foram dispersos devido a grande perseguição contra a Igreja em Jerusalém, provavelmente iniciada após a morte de Estevão (At 8.1; 11.19).
b.      Estes irmãos estavam dispersos devido às perseguições cruéis do império e haviam se espalhado por toda parte, especialmente pela Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria (At 8.1;11.19).
c.       Tiago mostra cuidado com os irmãos mesmo distantes, pois são importantes para ele e ele não os quer sem um guia prático para a vida cristã.
d.      Essa preocupação de Tiago é justificada pelas suas constantes referências às perseguições, às provas e à opressão sofrida pelos irmãos. Ele escreve esta carta como um pastor que deseja ensinar e encorajar seu povo disperso que enfrentava muitas dificuldades[3].
Conclusão e aplicação:
Tiago nos ensina lições preciosas apenas neste primeiro versículo.
Primeiro, ele não está interessado em títulos ou em se afirmar por quem era. Ele simplesmente se apresenta como servo. Que lição valiosa. Em dias que os homens buscam títulos e posições com tanta gana Tiago ensina que o mais importante de tudo na vida cristã é ser servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Outra valiosa lição de Tiago para nós é que ele nunca deixou de trabalhar com afinco pela obra do Senhor e passou a ser reconhecido pelos irmãos e pelos apóstolos como um líder excepcional. Embora Tiago não buscasse posição ele as alcançou por seu serviço e não por política ou tramas, como faziam os ímpios daquela época e fazem os de hoje. Assim, quem busca cargos não é digno de confiança porque tem sede de poder, mas quem é indicado para eles os assume com honra porque é reconhecido pelos seus serviços.
Por fim, de tantas outras coisas que poderíamos extrair desse texto, Tiago está preocupado em orientar os irmãos. Ele não quer deixa-los sem suporte para continuarem a vida cristã. O pastor de Jerusalém nos ensina que o verdadeiro homem de Deus (ou mulher) está focado no bem do outro e não no seu próprio. Outra verdade que precisa ser absorvida e vivida intensamente em dias como os nossos, em que os homens, inclusive líderes que se afirmam cristãos, estão em busca de serem honrados, seguidos, admirados e até mesmo adorados, inclusive exigindo tal “honra”.
Com isso aprendemos que o mais importante nesta vida é ser servo de Deus, servir com amor e sem interesses aos irmãos e não buscar honras pessoais por nossas forças.
Como está nossa vida nesses quesitos? Queremos ser grandes? Queremos ser servidos? Queremos seguidores para nós? Buscamos posições políticas ou eclesiásticas? Ou servimos despretensiosamente e com um coração desejoso de agradar a Deus.
Avalie-se e posicione-se diante do Senhor.


[1] Bíblia  de Estudo Palavras Chave, CPAD, pag. 1291.
[2] LOPES, Hernandes Dias, Tiago: Transformando provas em triunfo, citando Elizabeth George, pag. 14.
[3] Bíblia de Estudo NVI, Ed. Vida, pag. 2117.

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