INTRODUÇÃO:
O presente
estudo tem por objetivo analisar o significado do termo apostasia, e averiguar
quais as suas implicações na vida da igreja e qual a sua relação com a volta de
Jesus para buscar os seus eleitos.
Longe de ser um estudo
exaustivo sobre o tema, este documento apenas procura nos alertar para nossa
condição de líderes da igreja do Senhor, pois conforme veremos, os dias atuais
são fartos em casos de apostasias, conforme previu o próprio apóstolo Paulo em
I Timóteo 4.1, nos alertando “(...)que, nos últimos tempos alguns apostatarão
da fé, (...)”[1].
Se estivermos
conscientes do grande perigo que nos ronda, teremos melhores condições de nos
mantermos íntegros diante da missão que recebemos do Senhor, de mantermos a boa
conduta e, sobretudo procurarmos nos apresentar a Deus aprovados, sem nenhum
motivo de vergonha (cf. II Tm 2.15) [2].
A igreja Cristo precisa
estar atenta a estas recomendações bíblicas para que não aceite as falsas
doutrinas que Satanás tem disseminado mundo afora. E que o povo santo não se
corrompa, cedendo a um evangelho de facilidades e comodismos.
Que o Altíssimo Deus nos
ilumine a mente para que possamos nos manter puros no meio de uma geração
perversa. Amém.
DEFINIÇÃO DE APOSTASIA.
Com base no original
grego, apostasia (apostasia) significa
rebelião, infidelidade, abandono. É cognata da palavra divórcio (gr. apostasion), que se refere a uma separação consciente,
que envolve desgosto, insatisfação, e, em alguns casos, ódio e traição:
Ela multiplicou todavia as suas
prostituições, lembrando-se dos dias da sua mocidade em que se prostituíra na
terra do Egito. E enamorou-se dos seus amantes, cujas carnes são como carnes de
jumentos e cujo fluxo é como o fluxo de cavalos. Assim trouxeste à memória a
apostasia da tua mocidade, quando os do Egito apalpavam os teus seios, os
peitos da tua mocidade. Ezequiel
23.19-21[3]
Diante da
etimologia chega-se a conclusão que a apostasia é uma rebelião consciente
contra Deus e sua vontade, e que envolve uma separação promovida pelo desgosto,
insatisfação, e, sobretudo, traição, para com o Senhor e sua Palavra.
QUEM PODE APOSTATAR?
Se a apostasia consiste em uma
separação de Deus e de sua vontade (sempre promovida pelo homem), então ela só
pode acontecer no seio da igreja, pois, obviamente, só há divórcio entre duas
pessoas que já foram íntimas, mas que agora já não querem mais viver juntas,
talvez por um deles ter quebrado o pacto de casamento. Portanto, só o cristão
pode apostatar da fé. E a história vem mostrando que a igreja vem apostatando
de sua fé por várias vezes nesses dois mil anos de existência. Para
exemplificarmos o que estamos afirmando, basta citar a paganização da igreja da
Idade Média, que acabou gerando a Reforma Protestante; os cruzados ingleses,
que ao invés de pregarem o evangelho aos árabes, invadiram a Palestina,
matando-os em nome de Deus; mais recentemente tivemos uma situação muito
semelhante, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, para justificar uma
guerra contra o Iraque, assumiu o púlpito de uma igreja para dizer que esta era
“uma guerra de Deus contra o diabo”; e também os constantes conflitos entre
protestantes e católicos na Irlanda do Norte, onde os católicos têm sido
massacrados pelos seus “oponentes” cristãos.
Veja que
aquele que quebrou o pacto do casamento, o fez por estar descontente com o seu
relacionamento, ou por não reconhecer o grande amor que lhe é dispensado. Já
aquele que foi traído com a quebra do pacto se vê inocente diante de tal
situação, e pode tentar reatar tal casamento, porém, sempre dependerá também da
vontade e do arrependimento do traidor nesse reenlace. Assim acontece entre o
apóstata e Deus. O apóstata quebra o pacto de fidelidade com o Senhor, por
encontrar algo que lhe satisfaça melhor o
ego, e o Senhor não tem culpa diante do pecado deste apóstata, pois Ele
não mede esforços em amá-lo, porém, não é reconhecido em seu amor. Para que o apóstata seja restaurado ele
precisa arrepender-se e voltar ao único que o ama de verdade: o único Deus
verdadeiro.
Não é sem
motivo que a analogia do casamento é usada com tanta freqüência na Escritura
(Jr 2.32; Os 2.16-20; Jo 3.29; Ap 19.7; 21.2,9; 22.17).
COMO A APOSTASIA ACONTECE?
Há vários
fatores que contribuem para o surgimento da apostasia. Entretanto, este
trabalho se prenderá a apenas três destes aspectos, por considerá-los mais
pertinentes ao que se propõe analisar, e
também, a fim de evitar uma extensa divagação que não chega a lugar algum. São
eles:
1.
Perda do temor de Deus.
A
tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e
vê, que mau e quão amargo é deixares ao Senhor teu Deus, e não teres o meu
temor contigo, diz o Senhor Jeová dos Exércitos.
Jeremias 2.19[4]
O
verbo temer (no hebraico yãre ) aparece por 330 vezes na Escritura, e em todos
os períodos.
Basicamente,
este verbo conota a reação psicológica de “medo” . (...) Não se trata de
simples medo, mas de reverência, por meio da qual o indivíduo reconhece o poder
e a posição do indivíduo reverenciado e lhe presta respeito formal. Nesse
sentido, a palavra implica submissão a uma relação ética formal com Deus.[5]
Essa
perda de temor consiste em:
·
Não praticar a justiça, nem buscar a verdade.
Dai
voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas suas
praças, a ver se achais alguém, ou se há um homem que pratique a justiça ou
busque a verdade; e eu lhe perdoarei.
Jeremias
5.1[6]
·
Desatenção
com a palavra do Senhor (desprezo à Bíblia).
O meu
povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento. Porque tu rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de
teus filhos.Como eles se multiplicaram, assim contra mim pecaram; eu mudarei a
sua honra em vergonha Oséias
4.6,7[7]
2. Retenção do engano.
Por que pois
se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? retém o engano,
não quer voltar.
Jeremias
8.5[8]
A retenção do engano
consiste, basicamente, na “criação” de “novas interpretações” da Escritura,
rejeitando a interpretação coerente da mesma, afirmando e criando “doutrinas” e
dogmas com base em textos isolados da Escritura.
Um belo exemplo disso
é o ensino da aniquilação da alma, baseado em Ezequiel 18.4,20, contrariando
outros vários textos que afirmam que a alma fica plenamente consciente enquanto
aguarda o dia do juízo, ou do arrebatamento (Lc 16.19-31; I Pedro 3.19; Ap 6.
9,10).
3.
A criação de uma mensagem antropocêntrica
(humanista) – II Timóteo 3.1-9.
A
pregação do apóstata consiste em colocar o homem como o centro do universo, e
seus desejos como algo que Deus tem a obrigação de conceder-lhes.
A
mensagem não gira mais em torno daquilo que Deus espera do homem, mas daquilo
que o homem pode obter de Deus.
Alguns
hoje têm ensinado que nós precisamos amar a nós mesmos para depois amar os
outros; porém, a Bíblia não diz isso, ela diz que você deve amar o próximo como
já se ama (Mateus 19.19). o homem se ama naturalmente; caso contrário ele sofre
de algum distúrbio psíquico.
Conforme
o texto de II Timóteo 3 relata, os apóstatas são, sobretudo, “amantes de si
mesmos”, mais “amigos dos deleites do que amigos de Deus”. Entretanto, o pior
problema com eles, é que se parecem com homens e mulheres de Deus, “tendo
aparência de piedade”.
Não
estamos dizendo que o Senhor não cura mais hoje, ou que não dá mais riqueza a
ninguém. Ao contrário, estamos afirmando que essas coisas são secundárias no
plano divino para a humanidade. Se não fosse assim, Pedro e João, os dois
grandes expoentes da igreja nascente de Atos 2, não teriam dito ao mendigo na
porta Formosa (At 3) que não tinham ouro nem prata, pois com base na sua
fidelidade eles deveriam ser milionários. E também não podemos nos esquecer
de Paulo. Será que o apóstolo dos
gentios, e maior missionário da história da humanidade depois de Jesus, tinha
algum problema espiritual que não merecesse ter retirado o seu espinho na
carne? (II Co 12.7). Ao contrário, a
Escritura nos diz que tal espinho tinha uma função específica na vida do apóstolo:
não permitir que ele se vangloriasse diante da grandeza das revelações.
Muitos
“líderes” atuais estão pregando um evangelho de facilidade e comodidade. Um
evangelho que mais se parece com jogar na mega-sena do que viver na dependência
de Deus. Basta ter fé na fé; isto é, se você tem fé suficiente para obter tal
coisa, então ela está determinada a ser sua (queira Deus, ou não), e se você
não obteve aquilo que buscava, a resposta é imediata: você não teve fé
suficiente.
Diante
do foi apresentado acima, constatamos que a mensagem de hoje em muitos púlpitos
tem sido humanista e antropocêntrica, não levando em consideração a soberania
de Deus sobre a sua criação e sobre a sua igreja.
ENFIM; QUE RELAÇÃO HÁ ENTRE A VINDA DE JESUS E A APOSTASIA?
Para responder a esta pergunta
o presente trabalho se atém, principalmente, no texto de II Tessalonicenses
2.1-12, onde Paulo se propõe a responder aos irmãos as questões concernentes à
vinda de Jesus, à revelação da apostasia, e a manifestação do homem da iniqüidade,
seu caráter, e sua derrota.
Alguns líderes da igreja, baseando-se na primeira
epístola de Paulo aos tessalonicenses, estavam ensinando que Jesus viria muito
em breve para buscar o seu povo, dizendo haverem recebido revelações, profecias
e notícias do apóstolo. Porém, Paulo escreve a eles para dizer-lhes que não
tivessem motivos de perturbação, pois havia alguns sinais que deveriam preceder
a vinda do Senhor (vv. 1,2); a saber:
1.
O
primeiro sinal é a apostasia (v.3). Uma rebelião consciente da igreja contra o seu salvador. Levada a
efeito pelos motivos aqui já expostos. E essa apostasia se deve ao fato de o
“mistério da iniqüidade” (uma referência à origem sobrenatural) já estar
operando no seio de várias igrejas, onde o homem tem tentado tomar o lugar de Deus
e determinar o que deve vir sobre a sua vida, contrariando Deuteronômio 28.8.
2.
A
revelação do homem da iniqüidade, chamado pelo apóstolo João de “anticristo” (I João 2.22).
Paulo afirma categoricamente que este homem
da iniqüidade vai se revelar antes do arrebatamento da igreja.
Os pós-milenistas, amilenistas e
pré-milenistas históricos, usam esse texto para afirmar que a igreja passará
pela grande tribulação, e entendem que a expressão “aquele que o detêm”,
refere-se à pregação do evangelho a todo o mundo,e que o seu principal agente
nesse caso era o próprio Paulo; uma vez que no versículo 6 o gênero do verbo
está no neutro, e no versículo 7 o
gênero está no masculino. Já os pré-milenistas dispensacionalistas dizem
que tão logo o anticristo seja revelado ao mundo, então Jesus arrebatará a
igreja ou que a igreja deverá ser arrebatada primeiro para que depois o
anticristo seja revelado, afirmando que ele ainda não se manifestou porque o
Espírito Santo, que está na igreja, é aquele que o detém (v. 6). Embora,
partindo do ponto de vista Paulino é provável que o apóstolo estive se
referindo ao império romano e ao imperador, que necessariamente, deveria deixar
de existir para que o anticristo pudesse assumir todo poder terreno.
3.
A
reivindicação do anticristo em ser Deus (v.4). O “filho da perdição”será manifesto ao
mundo realizando toda espécie de sinais e prodígios (milagres), porém pela
eficácia de Satanás. O motivo de ele alcançar tamanha popularidade, e chegar a
ser considerado deus, se devem ao fato de o amor das pessoas não estar
alicerçado na verdade que produz salvação (v. 10), mas nos sinais que ele
realiza, não importando a mentira que ele esteja pregando, uma vez que nenhum
dos seus seguidores atenta para a verdade (v. 11).
Basta vermos o que acontece hoje em muitas
igrejas pelo Brasil. Muitos homens sem caráter têm assumido púlpitos de várias
denominações e pregado, especialmente, sobre milagres, prosperidade, e ausência
de lutas na vida do cristão verdadeiro. Fazendo fortunas, mas vivendo uma vida dissoluta
e luxuriosa. Explorando a credulidade de nosso povo que se importa muito mais
com a aparência do que com o caráter. Resta aqui apenas um alerta; jamais
convide para assumir o púlpito de sua igreja, uma pessoa que você, e ninguém do
seu rebanho possa atestar o seu caráter.
CONCLUSÃO:
A Bíblia é clara ao
afirmar que nos últimos dias alguns apostatariam de sua fé, abrindo mão da
própria salvação para atender a seus anseios egocêntricos em detrimento da
vontade de Deus. Hoje, todos nós temos ao menos uma história de alguém que
desprezou sua fé em Jesus para poder seguir “seu próprio caminho”, ou porque
“cansou-se dessa besteira de igreja, afinal lá está cheio de pessoas
desonestas, mentirosas, falsas, etc.”. Entretanto, cabe a nós, lutarmos honrosamente,
para que jamais nos deixemos seduzir pelos encantamentos do “mistério da
iniqüidade” que tem assolado a vida de tantos crentes hoje, e os feito deixar a verdade para seguirem ao
pai da mentira (João 8.44) que lhes satisfaz os desejos carnais. Nunca abra mão
das verdades do Evangelho eterno, mas questione sempre aqueles que sempre
querem ensinar com base em experiências e sentimentos.
Que o bom Deus possa nos achar fiéis
naquele dia. Amém.
BIBLIOGRAFIA:
BÍBLIA DE
JERUSALÉM, Editora Paulus, 2a
impressão, 2003, SP.
BÍBLIA VIDA NOVA, Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, 2a
edição, reimpressão 1996, SP
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD,
segunda impressão 1996, RJ
BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, Editora
Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1a impressão, 1999,
SP.
MANUAL BÍBLICO DE HALLEY, Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova, 4a edição, reimpressão 1995, SP.
MANUAL BÍBLICO VIDA NOVA, Edições Vida Nova, 1a edição
2001, SP
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO, George
Eldon Ladd, Editora Hagnos,
1a edição-agosto de 2003, SP.
DICIONÁRIO VINE, CPAD, 1a
edição / 2002, RJ.
[1] BÍBLIA
VIDA NOVA, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil,
SP, 1996.
[2] Ibidem
- passim
[3] CD-ROM
BIBLOS, Edições Vida Nova, SP (utilizando a versão Corrigida).
[4] CD-ROM
BIBLOS, Edições Vida Nova, SP, (utilizando a versão Corrigida).
[5]
Dicionário Vine, CPAD, 1a ediçao/2002, RJ, p. 301
[6] Ibidem
[7] Ibidem
[8] Ibidem
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