terça-feira, 10 de setembro de 2013

A apostasia como sinal da Vinda do Senhor Jesus Cristo



            INTRODUÇÃO:

            O presente estudo tem por objetivo analisar o significado do termo apostasia, e averiguar quais as suas implicações na vida da igreja e qual a sua relação com a volta de Jesus para buscar os seus eleitos.
            Longe de ser um estudo exaustivo sobre o tema, este documento apenas procura nos alertar para nossa condição de líderes da igreja do Senhor, pois conforme veremos, os dias atuais são fartos em casos de apostasias, conforme previu o próprio apóstolo Paulo em I Timóteo 4.1, nos alertando “(...)que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, (...)”[1].
            Se estivermos conscientes do grande perigo que nos ronda, teremos melhores condições de nos mantermos íntegros diante da missão que recebemos do Senhor, de mantermos a boa conduta e, sobretudo procurarmos nos apresentar a Deus aprovados, sem nenhum motivo de vergonha (cf. II Tm 2.15) [2].
            A igreja Cristo precisa estar atenta a estas recomendações bíblicas para que não aceite as falsas doutrinas que Satanás tem disseminado mundo afora. E que o povo santo não se corrompa, cedendo a um evangelho de facilidades e comodismos.
            Que o Altíssimo Deus nos ilumine a mente para que possamos nos manter puros no meio de uma geração perversa. Amém.


            DEFINIÇÃO DE APOSTASIA.

            Com base no original grego, apostasia (apostasia) significa rebelião, infidelidade, abandono. É cognata da palavra divórcio (gr. apostasion), que se refere a uma separação consciente, que envolve desgosto, insatisfação, e, em alguns casos, ódio e traição:
  Ela multiplicou todavia as suas prostituições, lembrando-se dos dias da sua mocidade em que se prostituíra na terra do Egito. E enamorou-se dos seus amantes, cujas carnes são como carnes de jumentos e cujo fluxo é como o fluxo de cavalos. Assim trouxeste à memória a apostasia da tua mocidade, quando os do Egito apalpavam os teus seios, os peitos da tua mocidade.                                                                                                                       Ezequiel 23.19-21[3]
            Diante da etimologia chega-se a conclusão que a apostasia é uma rebelião consciente contra Deus e sua vontade, e que envolve uma separação promovida pelo desgosto, insatisfação, e, sobretudo, traição, para com o Senhor e sua Palavra.


            QUEM PODE APOSTATAR?
           
            Se a apostasia consiste em uma separação de Deus e de sua vontade (sempre promovida pelo homem), então ela só pode acontecer no seio da igreja, pois, obviamente, só há divórcio entre duas pessoas que já foram íntimas, mas que agora já não querem mais viver juntas, talvez por um deles ter quebrado o pacto de casamento. Portanto, só o cristão pode apostatar da fé. E a história vem mostrando que a igreja vem apostatando de sua fé por várias vezes nesses dois mil anos de existência. Para exemplificarmos o que estamos afirmando, basta citar a paganização da igreja da Idade Média, que acabou gerando a Reforma Protestante; os cruzados ingleses, que ao invés de pregarem o evangelho aos árabes, invadiram a Palestina, matando-os em nome de Deus; mais recentemente tivemos uma situação muito semelhante, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, para justificar uma guerra contra o Iraque, assumiu o púlpito de uma igreja para dizer que esta era “uma guerra de Deus contra o diabo”; e também os constantes conflitos entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte, onde os católicos têm sido massacrados pelos seus “oponentes” cristãos.
            Veja que aquele que quebrou o pacto do casamento, o fez por estar descontente com o seu relacionamento, ou por não reconhecer o grande amor que lhe é dispensado. Já aquele que foi traído com a quebra do pacto se vê inocente diante de tal situação, e pode tentar reatar tal casamento, porém, sempre dependerá também da vontade e do arrependimento do traidor nesse reenlace. Assim acontece entre o apóstata e Deus. O apóstata quebra o pacto de fidelidade com o Senhor, por encontrar algo que lhe satisfaça melhor o  ego, e o Senhor não tem culpa diante do pecado deste apóstata, pois Ele não mede esforços em amá-lo, porém, não é reconhecido em seu  amor. Para que o apóstata seja restaurado ele precisa arrepender-se e voltar ao único que o ama de verdade: o único Deus verdadeiro.
            Não é sem motivo que a analogia do casamento é usada com tanta freqüência na Escritura (Jr 2.32; Os 2.16-20; Jo 3.29; Ap 19.7; 21.2,9; 22.17).


            COMO A APOSTASIA ACONTECE?

            Há vários fatores que contribuem para o surgimento da apostasia. Entretanto, este trabalho se prenderá a apenas três destes aspectos, por considerá-los mais pertinentes ao que se  propõe analisar, e também, a fim de evitar uma extensa divagação que não chega a lugar algum. São eles:

1.      Perda do temor de Deus.

A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mau e quão amargo é deixares ao Senhor teu Deus, e não teres o meu temor contigo, diz o Senhor Jeová dos Exércitos.
Jeremias 2.19[4]


                        O verbo temer (no hebraico yãre ) aparece por 330 vezes na Escritura, e em todos os períodos.
                    Basicamente, este verbo conota a reação psicológica de “medo” . (...) Não se trata de simples medo, mas de reverência, por meio da qual o indivíduo reconhece o poder e a posição do indivíduo reverenciado e lhe presta respeito formal. Nesse sentido, a palavra implica submissão a uma relação ética formal com Deus.[5]         
Essa perda de temor consiste em:
·         Não praticar a justiça, nem buscar a verdade.

Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas suas praças, a ver se achais alguém, ou se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei.
                                                       Jeremias 5.1[6]

·         Desatenção com a palavra do Senhor (desprezo à Bíblia).

O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.Como eles se multiplicaram, assim contra mim pecaram; eu mudarei a sua honra em vergonha                                                                                   Oséias 4.6,7[7]
2.      Retenção do engano.

Por que pois se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? retém o engano, não quer voltar.
                                                       Jeremias 8.5[8]

            A retenção do engano consiste, basicamente, na “criação” de “novas interpretações” da Escritura, rejeitando a interpretação coerente da mesma, afirmando e criando “doutrinas” e dogmas com base em textos isolados da Escritura.
            Um belo exemplo disso é o ensino da aniquilação da alma, baseado em Ezequiel 18.4,20, contrariando outros vários textos que afirmam que a alma fica plenamente consciente enquanto aguarda o dia do juízo, ou do arrebatamento (Lc 16.19-31; I Pedro 3.19; Ap 6. 9,10). 


3.      A criação de uma mensagem antropocêntrica (humanista) – II Timóteo 3.1-9.

A pregação do apóstata consiste em colocar o homem como o centro do universo, e seus desejos como algo que Deus tem a obrigação de conceder-lhes.
A mensagem não gira mais em torno daquilo que Deus espera do homem, mas daquilo que o homem pode obter de Deus.
Alguns hoje têm ensinado que nós precisamos amar a nós mesmos para depois amar os outros; porém, a Bíblia não diz isso, ela diz que você deve amar o próximo como já se ama (Mateus 19.19). o homem se ama naturalmente; caso contrário ele sofre de algum distúrbio psíquico.
Conforme o texto de II Timóteo 3 relata, os apóstatas são, sobretudo, “amantes de si mesmos”, mais “amigos dos deleites do que amigos de Deus”. Entretanto, o pior problema com eles, é que se parecem com homens e mulheres de Deus, “tendo aparência de piedade”.
Não estamos dizendo que o Senhor não cura mais hoje, ou que não dá mais riqueza a ninguém. Ao contrário, estamos afirmando que essas coisas são secundárias no plano divino para a humanidade. Se não fosse assim, Pedro e João, os dois grandes expoentes da igreja nascente de Atos 2, não teriam dito ao mendigo na porta Formosa (At 3) que não tinham ouro nem prata, pois com base na sua fidelidade eles deveriam ser milionários. E também não podemos nos esquecer de  Paulo. Será que o apóstolo dos gentios, e maior missionário da história da humanidade depois de Jesus, tinha algum problema espiritual que não merecesse ter retirado o seu espinho na carne?  (II Co 12.7). Ao contrário, a Escritura nos diz que tal espinho tinha uma função específica na vida do apóstolo: não permitir que ele se vangloriasse diante da grandeza das revelações.
Muitos “líderes” atuais estão pregando um evangelho de facilidade e comodidade. Um evangelho que mais se parece com jogar na mega-sena do que viver na dependência de Deus. Basta ter fé na fé; isto é, se você tem fé suficiente para obter tal coisa, então ela está determinada a ser sua (queira Deus, ou não), e se você não obteve aquilo que buscava, a resposta é imediata: você não teve fé suficiente.
Diante do foi apresentado acima, constatamos que a mensagem de hoje em muitos púlpitos tem sido humanista e antropocêntrica, não levando em consideração a soberania de Deus sobre a sua criação e sobre a sua igreja.


ENFIM; QUE RELAÇÃO HÁ ENTRE A VINDA DE JESUS E A APOSTASIA?

Para responder a esta pergunta o presente trabalho se atém, principalmente, no texto de II Tessalonicenses 2.1-12, onde Paulo se propõe a responder aos irmãos as questões concernentes à vinda de Jesus, à revelação da apostasia, e a manifestação do homem da iniqüidade, seu caráter, e sua derrota.

Alguns líderes da igreja, baseando-se na primeira epístola de Paulo aos tessalonicenses, estavam ensinando que Jesus viria muito em breve para buscar o seu povo, dizendo haverem recebido revelações, profecias e notícias do apóstolo. Porém, Paulo escreve a eles para dizer-lhes que não tivessem motivos de perturbação, pois havia alguns sinais que deveriam preceder a vinda do Senhor (vv. 1,2); a saber:
1.                  O primeiro sinal é a apostasia (v.3). Uma rebelião consciente da igreja contra o seu salvador. Levada a efeito pelos motivos aqui já expostos. E essa apostasia se deve ao fato de o “mistério da iniqüidade” (uma referência à origem sobrenatural) já estar operando no seio de várias igrejas, onde o homem tem tentado tomar o lugar de Deus e determinar o que deve vir sobre a sua vida, contrariando Deuteronômio 28.8.  
2.                  A revelação do homem da iniqüidade, chamado pelo apóstolo João de “anticristo” (I João 2.22).
Paulo afirma categoricamente que este homem da iniqüidade vai se revelar antes do arrebatamento da igreja.
Os pós-milenistas, amilenistas e pré-milenistas históricos, usam esse texto para afirmar que a igreja passará pela grande tribulação, e entendem que a expressão “aquele que o detêm”, refere-se à pregação do evangelho a todo o mundo,e que o seu principal agente nesse caso era o próprio Paulo; uma vez que no versículo 6 o gênero do verbo está no neutro, e no versículo 7 o  gênero está no masculino. Já os pré-milenistas dispensacionalistas dizem que tão logo o anticristo seja revelado ao mundo, então Jesus arrebatará a igreja ou que a igreja deverá ser arrebatada primeiro para que depois o anticristo seja revelado, afirmando que ele ainda não se manifestou porque o Espírito Santo, que está na igreja, é aquele que o detém (v. 6). Embora, partindo do ponto de vista Paulino é provável que o apóstolo estive se referindo ao império romano e ao imperador, que necessariamente, deveria deixar de existir para que o anticristo pudesse assumir todo poder terreno.
3.                  A reivindicação do anticristo em ser Deus (v.4). O “filho da perdição”será manifesto ao mundo realizando toda espécie de sinais e prodígios (milagres), porém pela eficácia de Satanás. O motivo de ele alcançar tamanha popularidade, e chegar a ser considerado deus, se devem ao fato de o amor das pessoas não estar alicerçado na verdade que produz salvação (v. 10), mas nos sinais que ele realiza, não importando a mentira que ele esteja pregando, uma vez que nenhum dos seus seguidores atenta para a verdade (v. 11).
Basta vermos o que acontece hoje em muitas igrejas pelo Brasil. Muitos homens sem caráter têm assumido púlpitos de várias denominações e pregado, especialmente, sobre milagres, prosperidade, e ausência de lutas na vida do cristão verdadeiro. Fazendo fortunas, mas vivendo uma vida dissoluta e luxuriosa. Explorando a credulidade de nosso povo que se importa muito mais com a aparência do que com o caráter. Resta aqui apenas um alerta; jamais convide para assumir o púlpito de sua igreja, uma pessoa que você, e ninguém do seu rebanho possa atestar o seu caráter.







CONCLUSÃO:

            A Bíblia é clara ao afirmar que nos últimos dias alguns apostatariam de sua fé, abrindo mão da própria salvação para atender a seus anseios egocêntricos em detrimento da vontade de Deus. Hoje, todos nós temos ao menos uma história de alguém que desprezou sua fé em Jesus para poder seguir “seu próprio caminho”, ou porque “cansou-se dessa besteira de igreja, afinal lá está cheio de pessoas desonestas, mentirosas, falsas, etc.”. Entretanto, cabe a nós, lutarmos honrosamente, para que jamais nos deixemos seduzir pelos encantamentos do “mistério da iniqüidade” que tem assolado a vida de tantos crentes hoje,  e os feito deixar a verdade para seguirem ao pai da mentira (João 8.44) que lhes satisfaz os desejos carnais. Nunca abra mão das verdades do Evangelho eterno, mas questione sempre aqueles que sempre querem ensinar com base em experiências e sentimentos.
            Que o bom Deus possa nos achar fiéis naquele dia. Amém.















BIBLIOGRAFIA:

            BÍBLIA DE JERUSALÉM,  Editora Paulus, 2a impressão, 2003, SP.
            BÍBLIA VIDA NOVA, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, 2a edição, reimpressão 1996, SP
            BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, CPAD, segunda impressão 1996, RJ
            BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, Editora Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1a impressão, 1999, SP.
            MANUAL BÍBLICO DE HALLEY, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 4a edição, reimpressão 1995, SP.
            MANUAL BÍBLICO VIDA  NOVA, Edições Vida Nova, 1a edição 2001, SP
            TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO, George Eldon Ladd, Editora Hagnos,              1a edição-agosto de 2003, SP.
            DICIONÁRIO VINE, CPAD, 1a edição / 2002, RJ.


[1] BÍBLIA VIDA NOVA, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, SP, 1996.
[2] Ibidem -  passim
[3] CD-ROM BIBLOS, Edições Vida Nova, SP (utilizando a versão Corrigida).
[4] CD-ROM BIBLOS, Edições Vida Nova, SP, (utilizando a versão Corrigida).
[5] Dicionário Vine, CPAD, 1a ediçao/2002, RJ, p. 301
[6] Ibidem
[7] Ibidem
[8] Ibidem

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