terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma homenagem à denominação que tanto amo.

Em 19 de agosto de 1855, a missionária Sarah Kalley, esposa do pastor Robert Kalley, iniciava o primeiro trabalho de evangelização em língua portuguesa no Brasil. Esta santa serva do Senhor ministrou uma aula de Escola Bíblica para uma classe de cinco crianças, cujo tema era: "Jonas, o Profeta fujão". A partir daí deu-se início os trabalhos de evangelização desse santo casal, que culminaram com a formação da primeira Igreja Evangélica do Brasil, a Igreja Congregacional de Petrópolis, hoje conhecida como Igreja Fluminense.
Esse casal abençoado e os convertidos que a eles se juntaram enfrentaram muitas lutas e oposição severa por parte do clero romano. Seus mortos eram enterrados como indigentes, porque a Igreja de Roma administrava os cemitérios e não permitia que protestantes fossem sepultados neles com um ofício fúnebre digno. Eles suportaram xingamentos, apedrejamento do templo, perseguições das mais diversas formas; mas permaneceram firmes e, por isso, outras Igrejas puderam chegar ao Brasil, e nós, Congregacionais (representados hoje por cerca de 13 alianças, uniões, convenções ou campos distintos) estamos celebrando 158 anos de fundação dessa maravilhosa denominação, que amamos e honramos, porque verdadeiros heróis da fé suportaram as mais diversas tribulações, com a ajuda de Deus, para que estivéssemos hoje nos alegrando diante do Senhor.
Seja glorificado o Deus de toda terra!
Eu amo o meu Deus acima de todas as coisas e amo a IGREJA CONGREGACIONAL, que me ensinou praticamente tudo o que sei sobre o meu Salvador.
Uma Igreja que nasceu da Escola Bíblica Dominical porque era, é e será, até a volta de Jesus, uma denominação fundamentada na Eterna Palavra de Deus.
Ioséias Carvalho Teixeira, pastor por graça e misericórdia do Altíssimo.

sábado, 17 de agosto de 2013

Líderes de caráter e carisma

Pretensos líderes que sempre reclamam que seus trabalhos, eventos e programas não possuem uma boa frequência, colocando a culpa sobre as pessoas, acusando-as de serem desinteressadas ou irresponsáveis, na verdade, não são, nem nunca foram líderes.
Líderes são "magnéticos", eles atraem pessoas sem nem mesmo fazerem força. Essas pessoas são atraídas ao líder pelo seu caráter e carisma.
Líderes de caráter e carisma não são os que, quando têm a palavra para cantar, tocar, pregar, encenar, dançar, etc. esperam e até mesmo exigem a atenção de todos. Ao contrário, são aqueles que quando os outros têm a palavra então dão total atenção a eles. Os ouvem com atenção e os fazem se sentir importantes e valorizados. Assim, quando ele tiver que usar a palavra será igualmente respeitado e ouvido.
Liderança de verdade não começa com o ser honrado; mas com o honrar o outro.

Três etapas na vida cristã

´Gosto muito de observar como a Bíblia usa situações e exemplos do cotidiano para nos ensinar lições valiosas. Recentemente estava lendo 1 Coríntios 13.11 – “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino” – e passei a refletir sobre o significado dessa frase à luz da Escritura.

Constatei que a Bíblia usa o desenvolvimento biopsicossocial do ser humano como analogia ao desenvolvimento espiritual do cristão.
A Escritura se refere ao desenvolvimento cristão tendo como base três etapas da vida humana: a etapa de bebê, a etapa de menino e a etapa de adulto (maduro).
Por essa razão passei a refletir, a partir da Bíblia, como essas etapas são aplicáveis à vida cristã prática, e cheguei a algumas conclusões que desejo compartilhar contigo.
Quando falamos sobre bebês algumas coisas nos vêm à mente. Primeiro, que eles geram muita alegria nas pessoas, todo nenê faz as pessoas sorrirem com a sua chegada. Porém, o bebê não sabe fazer nada sozinho, se não for cuidado vai adoecer e morrer. Não pode se alimentar com comida de adulto, mas apenas com leite (Hb 5.12,13) - Embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça.
O bebê representa o novo convertido ou o crente que nunca amadurece (1Pe 2.1-3) - Portanto, livrem-se de toda maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e toda espécie de maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação, agora que provaram que o Senhor é bom. Eles geram grande alegria quando nascem de novo, mas precisam de um crente maduro para acompanha-los, pois ainda não sabem viver sua espiritualidade sozinhos. Mas, o tempo passa e o bebê cresce e se torna um menino.
O menino já faz muita coisa por conta própria, mas ainda precisa de cuidados. Nessa fase ele pensa que é melhor ou pior que todos, têm sua autoestima elevada ou muito baixa. Em geral quer chamar a atenção, ser reconhecido.  Relaciona-se com grupos fechados de amigos. É muito emotivo. Adora elogios pelo que fez e algumas vezes até pelo que não fez e não aceita muito bem ser questionado. Se não for bem orientado poderá se perder.
O Menino espiritual representa crentes imaturos ou em amadurecimento (1Co 13.11) - Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Os crentes imaturos gostam de ser elogiados, fazem as coisas na igreja porque querem ser bajulados e não gostam de ser repreendidos ou aconselhados, formam grupos fechados na igreja e quando as coisas não acontecem como querem se revoltam contra sua liderança ou “paternidade” espiritual.
O adulto, por sua vez, vive em comunidade e entende que vivemos em interdependência. Aquele que é maduro entende que ninguém é bom em tudo e que cada pessoa é especial e capaz em alguma área – (Fp 3.12-15) Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá.
Aquele que é maduro entende que opiniões são subjetivas e devem ser avaliadas sob três aspectos: O que é verdade no que a pessoa disse. O que não é verdade. No que Deus está me repreendendo e o que posso aprender com isso. Ele não faz as coisas para obter elogios, mas para suprir as carências pessoais e de outros. Busca ser melhor a cada dia (Ef 4.13) - até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O adulto na fé não trabalha por elogios, mas pelo bem e sustento dos seus irmãos.
O que você é? Bebê, menino ou adulto.
Não podemos, nem nos será útil definir o que o nosso irmão é. Devemos olhar pra dentro e nos avaliar.
O importante em saber em que etapa estamos é para que possamos investir em nosso crescimento ou manutenção da condição de adulto, para não regredir. Contudo, se somos bebês, meninos ou adultos, somos filhos de Deus e o Senhor nosso Pai está trabalhando em nossa vida para que amadureçamos e o glorifiquemos em toda nossa maneira de viver.
Deus te abençoe.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Preparando mensagens que transformam vidas



Carlito Paes


Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade. (2Timóteo 2.15)
Junto com a fidelidade, porém, há outro valor que devemos agregar a nossa mensagem: a contextualização. No texto de Timóteo, Paulo recomenda o ensino correto da mensagem de Deus. No entanto, se não soubermos transmiti-la ao homem pós-moderno, ela não será eficaz, e naturalmente não atingirá seu objetivo.
Este texto, tem sido a divisa de milhões de pregadores ao longo dos séculos. Trata-se de fato de um grande texto. Ele reitera a fidelidade do pregador como elemento básico para a eficácia da mensagem. Nunca seremos grandes pregadores se não tivermos caráter, se não nos apegarmos à verdade, se não formos fiéis às Escrituras. Alguém poderia argumentar: mas e o Espírito Santo? E o poder sobrenatural da Palavra? Ele é real, é claro, mas há uma parceria entre Deus e o pregador, entre pregação e mensagem. Deus o escolheu para que você cumpra sua parte: fidelidade e contextualização.
Você já possui o amor por Deus. Também está em seu coração o altruísmo para crescer. O próprio fato de ler este livro demonstra seu interesse pelos que o ouvem.

PREGAR É UMA ARTE

A palavra de Deus é viva e verdadeira. Entretanto, se pregarmos morbidamente, sem vigor, em vez de convencer o ouvinte, ele poderá até desconfiar de nossa convicção sobre o que cremos. Muitas pessoas que não têm Jesus vêem os pregadores como vendedores de sonhos, profissionais da fé, homens de religião, e isto muito se deve ao estilo de pregar.
É necessário reverter esse quadro com uma mensagem que vá direto ao coração das pessoas, que lhes supra as necessidades, que seja coerente com a realidade que elas vivem. A questão não é tentar tornar a palavra de Deus relevante; ela já o é por sua natureza divina. Nós é que temos de ser relevantes. Nosso modo de pregar e de levar a Palavra é que deve mudar de modo que as pessoas de hoje possam se interessar em parar para ouvir o que dizemos. Se não ouvirem, como crerão?
Um tipo clássico e muito difundido de sermão é a exposição textual, que se configura do seguinte modo:
• seleciona-se um ou mais parágrafos do texto;
• estuda-se o contexto histórico, gramatical e teológico dele;
• faz-se um esboço conforme com as divisões naturais do texto;
• adicionam-se ilustrações e aplicações.
Se você estiver pensando que não há nada de errado com essa seqüência, está certo. A questão é que uma mensagem para transformar a vida de alguém deve ir além disso; precisa agregar outra característica muito importante. Mas vamos adiante.
Quatro estágios básicos da mensagem que transforma vidas
Uma vez selecionado o texto bíblico, é o momento da exegese, ou seja, de observar e interpretar o sentido original do texto. O próximo passo é descobrir as verdades eternas. É o que denominamos hermenêutica. Trata-se de descobrir a implicação dessas verdades atemporais para os dias de hoje. Nesse momento uma boa pergunta a fazer é: Que resposta espero obter nesse texto?
Feito isto, é preciso aplicar o resultado à situação local, o que chamamos de personificação. Isto é, situar o ouvinte no universo apresentado nas Escrituras. A Bíblia menciona cidades, regimes, partidos, sociedades, línguas, reinos, sistemas métricos e monetários. Muitos deles inexistentes hoje, o que dificulta a comunicação com o homem contemporâneo. Daí a necessidade da conexão, da personalização de toda essa linguagem. Aplicar as verdades atemporais das Escrituras é 'construir pontes' entre o ontem e o hoje.
Entretanto, não poderemos construir pontes adequadas se não tivermos em mente o público-alvo. Que tipo de pessoas nos ouvirá? É neste momento que ocorre a contextualização, ou seja, como aplicar para as pessoas que vivem no século xxi as palavras de Deus escritas há séculos, para sociedades totalmente diferentes?
Este é o diferencial e é aqui que lamentavelmente muitos pregadores têm falhado. Ainda que sejamos fiéis às Escrituras, que façamos uma boa exegese e hermenêutica, sem uma adequada contextualização, a mensagem ficará incompleta. E o motivo é simples: não se estabelecerá uma boa comunicação entre o pregador e o público alvo. As verdades eternas não serão compreendidas adequadamente e, portanto, as pessoas não saberão como aplicá-las hoje. Teremos falhado como pregadores.
Ao contextualizar a mensagem, portanto, lembre-se dos seguintes aspectos:
1. Todos querem ser amados. Pregue com amor. As pessoas já estão alquebradas pela crueldade e indiferença impostas pelo mundo. Pregue 'pastoreando', porque talvez o único cuidado pastoral que essas pessoas encontrem na semana seja sua mensagem. Elas precisam de misericórdia, de boas novas! Aponte o pecado e diga a verdade, sim, mas com amor. Se elas não encontrarem amor na pregação da Verdade, poderão se deixar seduzir por mensagens heréticas, espíritas, da nova era ou qualquer outra filosofia que lhes ofereça amor, acolhimento.
2. Todos desejam sentir-se úteis. Ao pregar, valorize a vida, as habilidades, o conhecimento, o trabalho das pessoas. Deus criou cada um de nós com um claro propósito. Diga isso às pessoas. Elas têm o direito de saber.
3. Todos buscam preencher o vazio interior. Não importa quão ricas ou bem-sucedidas sejam, as pessoas sem Jesus são vazias. Se alguém se propõe ouvir uma mensagem bíblica, certamente busca preencher um vazio espiritual, interior.
4. Muitos se sentem culpados. Há pessoas cujas vidas têm-se consumido pela culpa. Pense nisso antes de imputar mais culpa nesses corações. Você é mensageiro do perdão e da graça de Deus. As pregações de Jesus transmitiam encorajamento, boas novas para seus ouvintes.
5. Muitos estão sendo consumidos por sentimentos negativos. A amargura, a mágoa e o rancor causados por problemas interpessoais, familiares e afetivos têm assombrado a vida de muitas pessoas, levando-as a uma existência de medo, desespero e depressão. Mostre-lhes que é possível livrar-se de tais sentimentos. E a libertação tem início em Jesus, na decisão dela de aceitar a única esperança de vida. Pregue uma mensagem de renúncia ao passado, de libertação e traga as pessoas ao presente de fé, esperança, altruísmo e determinação.
6. Muitos sofrem por temer a morte. De um certo modo, todos tememos a morte: crentes ou não, pobres ou ricos, jovens ou velhos. Creio tratar-se de um sentimento natural, até porque Deus não nos criou originalmente para a dor, o sofrimento e a morte. Fomos feitos para a eternidade. Por isso, esse tema desperta a atenção das pessoas; todos se interessam, embora resistam a enfrentá-lo.
Nossa missão como pregadores é levar a Palavra a toda criatura. O convencimento cabe ao Espírito, mas a exposição da Palavra cabe a nós. Devemos fazer nossa parte, portanto, com eficiência e zelo. Somos o canal de comunicação, e ele deve apresentar o mínimo de interferência.
Esteja atento também à linguagem e vestimenta. Esses fatores podem agir como elementos facilitadores ou limitadores do processo de ensino-aprendizagem. Imagine pregar num culto de adolescentes num sábado à tarde trajando terno e gravata! Isso em nada contribuirá para sua interação com eles, não é mesmo?

CONCENTRE-SE NA UNIDADE DA MENSAGEM

A mensagem se compõe, em geral, de três partes: introdução, desenvolvimento do tema e conclusão, as quais devem convergir a um único propósito. Têm de conformar uma unidade, caso contrário a mensagem não alcançará seu objetivo com eficácia.
Com isso em mente, vejamos quatro passos fundamentais para elaborar uma boa introdução:
1. Conecte mente e coração dos ouvintes: antes de qualquer coisa, é preciso estabelecer essa conexão, de modo que as pessoas se concentrem no tema que você deseja abordar.
2. Conquiste a atenção das pessoas: conte uma história com humor, por exemplo.
3. Use uma lustração como fio condutor da mensagem: como vimos, pode ser uma breve encenação, uma entrevista, um vídeo, enfim algo que se aplique ao propósito central da mensagem.
4. Responda à pergunta: por que devo ouvir esta mensagem? Se você preparou sua mensagem com muita dedicação mas não consegue dar uma boa resposta a essa pergunta, recomece do princípio.
O segundo passo na elaboração da mensagem é o desenvolvimento do tema propriamente dito. É a criação do esboço. Embora três ou quatro pontos em geral sejam suficientes, não se constituem numa regra. Seja flexível. O importante é manter a unidade da mensagem.
Finalmente chegamos à conclusão. A chamada para o compromisso, o clímax de sua mensagem, o ponto chave! Uma boa conclusão aponta sempre para Jesus, independentemente do tema abordado, ainda que a pregação seja no Antigo Testamento.
Se queremos transformar vidas, é preciso confrontar as pessoas com seus pecados. Mas, lembre-se, faça-o com amor, e não em tom de acusação. Lance uma pergunta que atinja profundamente o coração do ouvinte. As pessoas precisam de respostas, tenha coragem de levá-las ao questionamento.
Alguns erros e deslizes são comuns no momento de concluir uma mensagem. Fique atento para evitá-los:
• Não finalize o sermão com um simples resumo. É fácil, mas ineficaz.
• Tampouco mencione a expressão 'concluindo', a menos que sejam de fato as últimas frases.
• Não descuide a hora. Culpar o relógio pelo atraso não é boa saída. O pregador deve preparar a mensagem tendo em mente o tempo que lhe é concedido, sem prejudicar seu propósito. Trinta ou quarenta minutos são suficientes para uma boa pregação.
• Regra básica para qualquer conclusão: não introduza fatos novos. Lembre-se, você está consumando a idéia.
Conclua, portanto, reafirmando vigorosamente os pontos fortes da mensagem. Expresse-se de maneira firme, intensa. Abra, então, espaço para que as pessoas reflitam e tomem sua decisão. Ao finalizar suas mensagens, não deixe de oferecer aos ouvintes a oportunidade de arrependimento e de se achegarem a Jesus.
O apelo é um momento crucial para o não-crente. Evite apelos longos e constrangedores. Use no máximo dez minutos. Não esqueça, porém, que o não-crente não sabe como assumir esse compromisso. Explique o que ele deve fazer. Para receber Jesus não é suficiente perguntar-lhe se quer que a igreja ore por ele, como fazem alguns pregadores.
Planeje também esse momento da pregação. Tudo deve convergir para um mesmo propósito, lembra-se? Busque a excelência, inclua música ou outro recurso que possa compor o clima de reflexão, e não de emocionalismo, que o momento exige. Não apele para a comoção. Lembre que a tarefa de convencimento é do Espírito Santo. Não tente conduzir os sentimentos das pessoas. Não as constranja. Use no máximo dez minutos.
Uma vez que a mensagem está concluída. Pense no título. A escolha do título é primordial. Ele atrairá ou afastará os ouvintes, predispondo-os positiva ou negativamente. Por isso, busque uma linguagem atual, sem ênfase negativista nem proibitiva. Lembre-se, a proibição pura e simples não traz benefícios. Em vez disso instiga à desobediência e rebeldia.
Esteja certo de que, se o ouvinte compreender os princípios eternos ensinados por Deus em sua Palavra e aceitá-los, ele os adotará espontaneamente como estilo de vida. Não há necessidade, portanto, de regras de proibição.

FATORES FUNDAMENTAIS DA MENSAGEM

Dissemos que o diferencial de uma mensagem para transformar vidas está na aplicação e que os pontos são aplicações em si mesmos. Vejamos então seu funcionamento.
Concentre-se em algumas questões específicas
É importante não divagar. Ao refletir no texto bíblico e iniciar a elaboração da mensagem, procure responder à seguinte questão: o que desejo que os ouvintes pensem, sintam e façam?
A mensagem adquire relevância quando pensamos no ser humano como um ser integral, reunindo seus valores tridimensionais: razão, emoção e ação. A mensagem não deve focar apenas um, em detrimento dos demais. Não faz sentido, pois os três se mesclam entre as necessidades básicas do ser humano, e têm de ser atendidos pela pregação.
Utilize-se de experiências pessoais
Paulo usou desse expediente em suas pregações: 'Irmãos, apliquei estas coisas a mim e a Apolo por amor a vocês, para que aprendam de nós o que significa: ‘não ultrapassem o que está escrito’ assim, ninguém se orgulhará a favor de um homem em detrimento de outro' (1Co 4.6).
Ao fazê-lo, porém, esteja atento às motivações do coração. Veja se o exemplo se aplica de fato e adequadamente à situação e ao contexto mencionados. Cuidado para não cair na autopromoção, em especial quando se referir a viagens que tenha feito.
Interpele os ouvintes
Formule perguntas relevantes para que as pessoas possam refletir nelas mais tarde. Veja alguns exemplos bíblicos:
O que você acha Simão? De quem os reis da terra cobram tributos e impostos: de seus próprios filhos ou dos outros? (Mt 17.25).
O que acham vocês? Se alguém possui cem ovelhas e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo procurar a que se perdeu? (Mt 18.12).
O que vocês pensam a respeito do Cristo? De quem ele é filho? (Mt 22.42).
Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? (Lc 10.36).
Apresente a mensagem de modo prático
Ao ouvir uma mensagem, as pessoas buscam respostas de Deus para suas necessidades. Seja prático, mostre-lhes o que fazer e como agir. Evite as expressões 'eu penso', 'eu acho', 'eu sinto', em vez disso diga: 'está escrito!' e 'assim diz o Senhor'. Ajude as pessoas a encontrarem as respostas de Deus para suas dúvidas, seus medos, seus traumas e suas tristezas.
Use exemplos do dia-a-dia
Jesus, nosso Mestre, nos ensinou e enfatizou com profundidade essa prática, que está fartamente registrada nos quatro evangelhos. Fale sobre como vencer a tentação, por exemplo (v. Mt 4). A Bíblia possui respostas para todos os problemas divulgados diariamente pela mídia mundial. Em 1Coríntios 10.11, Paulo diz: 'Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós'.
Não se atenha apenas a exemplos do passado nem de outras culturas, procure aplicações dentro da realidade brasileira atual.
Pregue a mensagem de esperança que Deus tem para seu povo
Ao contrário do que muitos podem pensar, a Bíblia é um livro de fé, esperança e amor. Ainda em sua ira, Deus mostrou compaixão e amor por seu povo. Num mundo em que os laços de amor, fraternidade, compreensão têm-se deteriorado continuamente, o desejo de algo maior tem invadido o coração das pessoas. Precisamos apresentar-lhes a fonte correta: a Palavra de Deus. Só em Jesus elas poderão encontrar o que tão sofregamente buscam.
Pois tudo quanto foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedente das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança (Rm 15.4; grifos do autor).
Torne cada ponto uma aplicação
A eficácia é muito maior quando as pessoas associam a cada passo do tema uma aplicação. Ainda que percam parte da mensagem, o que ouvirem estará completo, e elas poderão aplicar à própria vida. Além disso, será muito mais fácil cativar e manter a atenção das pessoas.
A aplicação também motiva e dá vida à pregação. Lembre-se de que os ouvintes precisam associar conceitos à ação.
A ação divina deve estar presente em cada ponto
A ação divina na solução dos problemas deve ficar clara em sua exposição. A mensagem tem sempre de apontar para Deus — Pai, Filho e/ou Espírito Santo — e não para o ser humano. Aqueles que nos ouvem têm de sair convictos de que ninguém, além de Deus, é capaz de nos levar à solução de nossos males.
Não use frases como: 'Você é capaz de vencer a tentação'. Prefira confrontar a pessoa com a pergunta: 'Que fazer quando se sentir tentado?'. Então ofereça-lhe estas alternativas: 'Creia que Deus viu sua tentação, que ele limitará a intensidade e lhe dará um meio de escape'. Em seguida, fundamente sua afirmação com, por exemplo, o texto bíblico de 1Coríntios 10.13:
Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele mesmo lhes providenciará um escape, para que o possam suportar.
Uma mensagem forte, relevante, bíblica está completamente voltada para Deus, e não para o ser humano, a criação. Deus vê nossa tentação, limita sua intensidade e cria um meio de escape.
A mensagem fraca, baseada no ser humano, é a antítese da pregação para transformar vidas. Ela é comum, limitada e evasiva.
Identifique claramente os personagens-alvo da mensagem
Quando a mensagem é bem pessoal, direcionada, fala mais profundamente ao coração do ouvinte. Em vez de dizer 'Jesus veio para salvar o ser humano', diga 'Jesus veio para salvar a mim e a você', 'ele morreu por mim e por você', 'ele voltará para buscar a mim e a você'.
Quando a mensagem é impessoal, ela se torna abstrata. Imagine os seguintes pontos levantados no texto de 1Coríntios 12 para compor o esboço de uma mensagem: 1) a fonte dos dons dos coríntios; 2) a função dos dons dos coríntios; 3) o propósito dos dons dos coríntios.
Agora compare com os pontos extraídos do mesmo texto bíblico visando a compor um esboço para transformar vidas: 1) Deus deu a você dons especiais; 2) Deus deu a você dons para serem multiplicados; 3) Deus deu a você dons para beneficiar pessoas.
Que diferença podemos perceber entre as abordagens? A primeira, como disse, é impessoal, remete ao passado (e lidamos com questões presentes), não menciona Deus nem pessoas. Trata-se de uma descrição de fatos históricos que, do modo como foi elaborado, dificilmente atingirá o coração do ouvinte, que veio buscar respostas para suas questões. É um esboço mais informativo que prático.
Já o segundo esboço é pessoal e muito prático. Está totalmente centrado em Deus, passa uma visão positiva, que transforma vidas. A diferença é bem grande, não é mesmo?
Entretanto, não é apenas a questão da pessoalidade que diferencia um esboço forte de um fraco, mas também a linguagem e abordagem do tema. Vejamos, por exemplo, alguns pontos de um esboço fraco, intitulado Um caminho mais excelente, elaborado segundo o texto de 1Coríntios 13: 1) seu ministério de cura; 2) sua simplicidade de linguagem; 3) sua competência para resolver problemas; 4) sua supervalorização.
Difícil, não? Parece não dizer muito. O problema está na complexidade da linguagem, nas frases incompletas. É passivo. Não alcança o coração.
Agora compare-o com os pontos de um esboço que transforma vidas, elaborado segundo o mesmo texto aos coríntios. A diferença já pode ser vista no título: Como seu amor pode transformar as pessoas: 1) seu amor cura sua vida; 2) seu amor fala a seu coração; 3) seu amor pode resolver problemas; 4) seu amor é muito valioso.
Diferente, não? Transmite esperança, usa uma linguagem direta, objetiva, simples e relevante para a vida das pessoas. Veja o testemunho de Warren Wiersbe que após 40 anos de pregação sentiu necessidade de mudar:
Mudei minha maneira de abordar o sermão. Eu me concentrava naquilo que o texto diz, isto é, como eu poderia torná-lo compreensível. Agora eu pergunto, o que Deus quer que essas pessoas ouçam? Minha pregação era acadêmica; agora é mais pessoal [...] todos com quem falo carregam consigo alguma mágoa. Ai daquela igreja que não reconhece as necessidades das pessoas.1
As pessoas precisam restaurar a fé e a esperança. Precisam revigorar o amor. Ao elaborar sua mensagem, lembre-se de quão simples e profundas eram as mensagens de Jesus. Atendiam por completo às necessidades das pessoas. Assim também pregava Paulo, apesar de sua erudição:
Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente, nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus (1Co 2.1).
E a minha pregação foi muito simples, não com abundante oratória (1Co 2.4; bv).
Veja a recomendação de Paulo a seu discípulo Tito:
Sua linguagem deve ser tão sensata e equilibrada que alguém que quiser questionar sinta vergonha de si mesmo, porque não haverá nada a censurar em tudo o que você diz! (Tt 2.8; bv).
Albert Einstein, uma das mentes mais brilhantes da ciência, disse: 'Você não entende realmente uma coisa até que seja capaz de explicá-la de maneira simples'.2
Não tenha receio de compartilhar suas lutas e fraquezas: 'Eu acho que vocês devem saber, amados irmãos, que tempos difíceis nós atravessamos na Ásia. Fomos realmente esmagados e oprimidos, e tivemos medo de não conseguir sobreviver' (2Co 1.8; bv).
Não tenha máscaras no púlpito. Seja você mesmo. Seja autêntico.