Aplaudimos entusiasticamente o clamor
das ruas, obviamente, não os atos de vandalismo e violência. O Brasil se enche
de orgulho e esperança e isto nada tem a ver com a conquista da Copa das Confederações.
As reformas reivindicadas contemplam,
principalmente, Educação, saúde e segurança. Deste triângulo, destaco a
Educação. O clamor do país é por uma reforma que se traduza em educação de
qualidade. Entretanto, temo que o clamor seja apenas por uma reforma superficial.
Reforma que traria mudança na infraestrutura (melhores prédios, salas mais
aparelhadas, salários dignos etc.). Meu temor reside no fato de que para termos
uma educação de qualidade não basta mudar o exterior, mas também, precisa-se
mudar a visão, valores e hábitos arraigados pelos brasileiros. Educação de
qualidade depende de professores apaixonados que amam aprender/ensinar; de
alunos responsáveis que gostem de estudar/pesquisar e não só de baixar trabalhos
da internet e pais mais comprometidos e participativos. Portanto, muita coisa
tem que mudar: a postura do governo, dos pais, professores e alunos. Como dizia
Suely Bechara, uma das melhores professoras que tive: “Educação não é um item
que se encontra pronto na prateleira de supermercado, mas uma construção”!
Pode parecer pessimismo, mas meu temor se
justifica porque já vimos este filme e o final não é nada feliz! Nos dias do
profeta Jeremias houve uma grande reforma. O rei Josias herdara mais de meio
século de idolatraria, superstição, prostituição e violência. O templo se
tornara em “covil de salteadores” (sacerdotes corruptos, prostitutas cultuais,
magos profissionais). A exploração da fé ingênua era legitimada pelo poder
político-econômico-religioso. O rei limpou toda aquela sujeira, restaurou o
templo que era a evidência “arquitetônica da importância que Deus tinha na vida
do povo” (Peterson, 2008, p. 58). Mas o profeta percebeu que a reforma
contemplava apenas a estrutura exterior, era necessário aprofundar, pois “uma
reforma é inútil se não resultar em mudança de vida” (Idem, p. 83).
Infelizmente, aquela geração não deu ouvido ao profeta, por mais de duas
décadas ele foi uma “voz que clama no deserto”. Ele sentiu na pele a
preferência do povo: mudança provocada por canetada do governo e não pela vida.
Espero que nossa geração seja mais sábia e não se engane com uma reforma
superficial! Para isto, não basta atender o clamor das ruas, mas também, banir
o jeitinho brasileiro. O Brasil chegará lá, se valorizar o profeta (educador)
tanto quanto o governador!
Pr. Israel Sifoleli - 2ª IPB de Ermelino Matarazzo-SP.
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