terça-feira, 4 de junho de 2013

Reflexões no Evangelho de Lucas




                                 o código de ética do reino de deus
Texto Chave
E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
Lucas 6.20

VERDADE TEOLÓGICA
A visão ética de vida cristã é oposta à visão mundana.
Ioséias Carvalho Teixeira


ESTUDO DE PREPARAÇÃO SEMANAL
Segunda – Mt 5.1-12           
O Sermão da Montanha descrito por Mateus.
Terça – 1Cr 29.10-20        
A oração de um homem pobre de espírito.
Quarta – Gl 2.16-21
A essência do ser pobre de espírito.
Quinta – Ne 8.5-11
Chorar por nossos pecados opera a alegria do Senhor em nosso favor.
Sexta – 2Co 7.8-16  
A tristeza segundo Deus resulta em alegria.
Sábado – 2Tm 3.10-17
A piedade resulta em perseguição.

Leitura Bíblica Congregacional
Lucas 6.17-26
17-E, descendo com eles, parou num lugar plano, e também um grande número de seus discípulos, e grande multidão de povo de toda a Judéia, e de Jerusalém e da costa marítima de Tiro e de Sidom,
18-Os quais tinham vindo para o ouvir e serem curados das suas enfermidades como também os atormentados dos espíritos imundos; e eram curados.
19-E toda a multidão procurava tocar-lhe, porque saía dele virtude, e curava a todos.
20-E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
21-Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
22-Bem-aventurados sereis quando os homens vos aborrecerem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do Homem.
23-Folgai nesse dia, e exultai; porque, eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas.
24-Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação.
25-Ai de vós os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis.
26-Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.
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Elucidação Textual
Este trecho trata do ensinamento de Jesus chamado de Sermão da Montanha. O mesmo ensino está registrado em sua totalidade em Mateus 5.1- 7.29 e partes dele foram provavelmente repetidas em outras ocasiões.
A narrativa de Lucas começa com uma série de "Bem-aventuranças" seguidas por uma série de "ais", salientando, por um lado, o contraste em caráter entre aqueles que pertencem ao reino de Deus e aqueles que vivem para o mundo presente e, por outro lado, o contraste entre a felicidade que é a porção de uma classe e a miséria que aguarda a outra classe (Biblos Cd-Rom).

Introdução
Nesta lição vamos abordar o importante discurso de Jesus aos seus discípulos, conhecido como Sermão da Montanha. Veremos o que o Senhor queria transmitir aos discípulos em lhes garantir que são bem-aventurados (mais que felizes) os pobres, os que têm fome, os que choram e os perseguidos. Também vamos entender o que o Mestre ensinou acerca dos ais. Ai dos ricos, ai dos fartos, ai dos que riem e ai dos bajulados.
Esse assunto é de fundamental importância para a compreensão da ética do reino. Ética é ter coerência entre o meio e o fim (Ariovaldo Ramos); ou seja, é compreender integralmente quem somos para saber como nos portar nas diversas situações da vida.
Jesus ensina que somos bem-aventurados e por isso devemos nos portar com pobreza de espírito, fome de justiça, choro de arrependimento e oposição ao pecado que resulta em perseguição.
Envolva-se no tema, contribua com seu conhecimento e experiência e boa aula.
             
I – Bem aventurados os pobres e ai dos ricos (Lc 6.20;24).
Quando Jesus trata do pobre aqui Ele não está se referindo a condição financeira nem posição social. Como Mateus deixa claro, Jesus está se referindo ao que é pobre de espírito (Mt 5.3).
Na língua grega, idioma em que foi escrito o Novo Testamento, existem duas palavras para pobre. Uma das palavras é penef, e significa carente do supérfluo, que vive modestamente, com o necessário. Já a outra palavra, que Lucas e Mateus usam neste texto é ptohoi, e significa mendigo, desprovido de qualquer sustento. Que precisa de auxílio de alguém.
Esta palavra vem de um verbo que significa “agachar-se ou esconder-se de medo ou vergonha” (Vine, 782).
Jesus está ensinando aos seus discípulos que eles devem ser totalmente dependentes no seu espírito. O pobre de espírito é a pessoa que se prostra diante de Deus envergonhada, pois não tem nada a oferecer ao Rei, pois até o que tem é porque recebeu dele (1Cr 29.14).
Diferente dessa atitude, os ricos (de espírito), são aqueles que acreditam que podem agradar a Deus por seus méritos, habilidades e competências. São autoconfiantes, e acreditam que possuem virtudes próprias que podem oferecer ao Santo Senhor.
Por conta de suas atitudes os pobres de espírito receberão de Deus aquilo que Ele tem para lhes dar: O Reino eterno de Deus; enquanto que os ricos de espírito receberão aquilo que a sua “riqueza” pode lhes dar: a autossatisfação terrena e temporária.
Ser pobre de espírito é esvaziar-se de si mesmo para viver na fé do Filho de Deus (Gl 2.20). Em que medida temos vivido dependentes do Senhor? Qual o nosso nível de pobreza espiritual? Será que temos dependido mais de nós e de nossas forças do que do Senhor e do seu poder? Essas são perguntas que competem a cada um de nós refletirmos e responde-las a Deus.

II – Bem aventurados os que têm fome e ai dos que estão fartos (lc 6.21a;25a).
De maneira semelhante com a palavra pobre, a palavra grega que Jesus usa para fome significa fome intensa, estar faminto, e foi a mesma que foi usada para se referir à fome que o Senhor teve depois de 40 dias de jejum (Mt 4.2).
Este ensino do Mestre descreve a fome e a sede espiritual (Mt 5.6), o desejo de quem quer ser totalmente farto como ensina o Salmo 63.1 – “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água”.
Descreve fome insaciável da Palavra de Deus. Esta fome é de justiça, e refere-se a ser justificado por Deus para ter comunhão, perdão (Rm 3:24).
Justiça também se refere a viver uma vida transformada (Mt 5:20; 1 Pe 1:15-17).
Os fartos são aqueles que se julgam justos por si mesmos e estão sempre exaltando sua justiça pessoal, assim não dependem de Deus para nada.
Veja como o ensino do Senhor está numa escala progressiva. Os pobres de espírito (mendigos) dependem do favor de Deus para saciar a sua fome, que é de ser justificado dos seus pecados. Enquanto que os ricos de espírito (orgulhosos) preferem depender de suas forças e recursos para se autossatisfazer, que são as suas “justiças”. Mas a Escritura ensina que nossas justiças não passam de trapos de imundícia (Is 64.6).
Os santos têm fome e sede da justiça de Deus revelada na Sua Palavra. Quanto do alimento que Deus nos oferece (Bíblia) nós temos ingerido diariamente?
A resposta a essa pergunta resultará ou não na terceira bem-aventurança.

III – Bem aventurados os que choram e aí dos que riem (Lc 6.21b;25b).
Ao nos conscientizar de nossa miséria de espírito e necessidade de sermos nutridos com a justiça de Deus somos levados a chorar por nossa condição de pecadores diante do Altíssimo.
Chorar aqui tem o sentido de lamentar, prantear. Chorar por causa da nossa própria pobreza espiritual.
Chorar é necessário para alcançar a felicidade – “Foi bom para mim ter sido castigado, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119:71).
“É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério! A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração. O coração do sábio está na casa onde há luto, mas o dos tolos, na casa da alegria”. (Ec 7:2-4).
Só sabe o valor da alegria quem já chorou de tristeza. Aqueles que nunca experimentaram a tristeza não sabem valorizar os pequenos momentos de alegria na vida, e no caso espiritual, a tristeza sempre antecede a alegria. Primeiro nos entristecemos por reconhecer nosso pecado, isso se chama arrependimento, depois nos alegramos por receber o perdão de Deus; isto se chama alegria da salvação. Foi o que aconteceu com o povo dos dias de Neemias e Esdras; primeiro eles foram ministrados na Palavra e entenderam o quanto estavam distantes do ideal de Deus e então se puseram a chorar. Depois disso receberam a palavra de que deveriam se retirar para as suas casas e celebrar porque a alegria do Senhor era a sua força (Ne 8.5-11)
Este choro não se refere ao sofrimento imposto pelas circunstâncias, mas da tristeza que nós escolhemos. Tristeza por nossos pecados, que é consequência natural da descoberta de nossa pobreza de espírito. É a tristeza segundo Deus: “A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte”. (2 Co 7:10-NVI).
Aqueles que riem e se vangloriam dos seus pecados hão de chorar naquele grande e terrível dia do juízo de Deus sobre os impenitentes.

IV – Bem aventurados os perseguidos e ai dos bajulados (Lc 6.22,23;26).
Todos os que reconhecem sua pobreza de espírito, buscam a justiça de Deus e choram pelos seus pecados não são entendidos pelos carnais e são perseguidos por isso. Paulo ensinou que aqueles que querem viver piedosamente em Jesus padecerão perseguição (2Tm 3.12).
É evidente que todos os que vivem de forma contrária do evangelho se oporão a aos que vivem em santidade, pois as vidas dos santos testemunham contra a vida daqueles que preferem a impiedade e justiça própria.
Os ídolos mundanos são endeusados, honrados e bajulados pelos homens porque lhes oferecem aquilo que eles querem, como os falsos profetas faziam em Israel, e Paulo já nos advertiu de que seria assim também nos últimos dias (2Tm 4.3).
Esta palavra de Jesus não se refere ao fato de os irmãos serem amados e amarem uns aos outros, mas em serem amados e admirados pelo mundo, pois, via de regra, a pregação bíblica em nada agrada ao mundo, ou nas palavras que o pastor David Wilkerson usou em sua pregação no dia 28 de fevereiro de 2005: “Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas" (Lucas 6:26). Quero lhe perguntar: o mundo está louvando você? Você é o grande amado por toda a cidade? Todos lhe louvam nos eventos seculares? Você é politicamente correto em suas interações? Os prefeitos, os dignitários e os famosos ficam à vontade em sua presença? Então ouça as palavras de Jesus para você: "Tem alguma coisa de falso em seu testemunho".
O próprio Jesus deixa claro: se alguma igreja estiver se movendo no poder do Espírito Santo e cumprindo a missão como Ele ordenou, então essa igreja será odiada e perseguida pelo mundo. Como Paulo, o pastor será considerado escória do mundo. E a igreja será odiada pelos políticos e líderes ímpios da sociedade. Também será espezinhada pelos homossexuais, pornográficos, e mais do que tudo pelos líderes religiosos apóstatas que estão espiritualmente mortos” (http://www.worldchallenge.org/pt/node/2903).

Conclusão: 
O ensino de Jesus é claro. Precisamos ser pobres de coração, desejar ardentemente a justiça de Deus, chorar pelos nossos pecados e nos manter firmes na perseguição. Se sabemos quem somos em Cristo então saberemos como nos portar para a glória de Cristo.


Glossário:
Impenitentes - Que persiste no erro ou no crime; relapso, contumaz.

BIBLIOGRAFIA: 
v  PETERSEN, Eugene, Bíblia a Mensagem, Editora Vida.
v  KEENER, Craig S.; Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento, Ed. Atos.
v  MAC ARTHUR, John, Bíblia de Estudo MacArthur, Sociedade Bíblica do Brasil.
v  Comentário Bíblico Matthew Henry (E-Book).
v  Cd-Rom Biblos, Edições Vida Nova.

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