Texto Chave
E, levantando ele os olhos para
os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o
reino de Deus.
Lucas 6.20
VERDADE TEOLÓGICA
A visão ética de vida cristã é oposta à visão mundana.
Ioséias Carvalho Teixeira
ESTUDO
DE PREPARAÇÃO SEMANAL
►Segunda – Mt 5.1-12
O
Sermão da Montanha descrito por Mateus.
► Terça – 1Cr 29.10-20
A
oração de um homem pobre de espírito.
►Quarta – Gl 2.16-21
A
essência do ser pobre de espírito.
► Quinta – Ne 8.5-11
Chorar
por nossos pecados opera a alegria do Senhor em nosso favor.
► Sexta – 2Co 7.8-16
A
tristeza segundo Deus resulta em alegria.
► Sábado – 2Tm 3.10-17
A
piedade resulta em perseguição.
Leitura Bíblica Congregacional
Lucas 6.17-26
17-E,
descendo com eles, parou num lugar plano, e também um grande número de seus
discípulos, e grande multidão de povo de toda a Judéia, e de Jerusalém e da
costa marítima de Tiro e de Sidom,
18-Os
quais tinham vindo para o ouvir e serem curados das suas enfermidades como também
os atormentados dos espíritos imundos; e eram curados.
19-E
toda a multidão procurava tocar-lhe, porque saía dele virtude, e curava a
todos.
20-E,
levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os
pobres, porque vosso é o reino de Deus.
21-Bem-aventurados
vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que
agora chorais, porque haveis de rir.
22-Bem-aventurados
sereis quando os homens vos aborrecerem e quando vos separarem, e vos
injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do Homem.
23-Folgai
nesse dia, e exultai; porque, eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim
faziam os seus pais aos profetas.
24-Mas
ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação.
25-Ai
de vós os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides,
porque vos lamentareis e chorareis.
26-Ai
de vós quando todos os homens de vós disserem bem porque assim faziam seus pais
aos falsos profetas.
.
Elucidação Textual
Este trecho trata do ensinamento
de Jesus chamado de Sermão da Montanha. O mesmo ensino está registrado em sua
totalidade em Mateus 5.1- 7.29 e partes dele foram provavelmente repetidas em
outras ocasiões.
A narrativa de Lucas começa com
uma série de "Bem-aventuranças" seguidas por uma série de
"ais", salientando, por um lado, o contraste em caráter entre aqueles
que pertencem ao reino de Deus e aqueles que vivem para o mundo presente e, por
outro lado, o contraste entre a felicidade que é a porção de uma classe e a
miséria que aguarda a outra classe (Biblos Cd-Rom).
Introdução
Nesta lição vamos abordar
o importante discurso de Jesus aos seus discípulos, conhecido como Sermão da
Montanha. Veremos o que o Senhor queria transmitir aos discípulos em lhes
garantir que são bem-aventurados (mais que felizes) os pobres, os que têm fome,
os que choram e os perseguidos. Também vamos entender o que o Mestre ensinou
acerca dos ais. Ai dos ricos, ai dos fartos, ai dos que riem e ai dos
bajulados.
Esse assunto é de
fundamental importância para a compreensão da ética do reino. Ética é ter
coerência entre o meio e o fim (Ariovaldo Ramos); ou seja, é compreender
integralmente quem somos para saber como nos portar nas diversas situações da
vida.
Jesus ensina que somos
bem-aventurados e por isso devemos nos portar com pobreza de espírito, fome de
justiça, choro de arrependimento e oposição ao pecado que resulta em perseguição.
Envolva-se no tema,
contribua com seu conhecimento e experiência e boa aula.
I – Bem
aventurados os pobres e ai dos ricos (Lc 6.20;24).
Quando Jesus trata do pobre aqui Ele
não está se referindo a condição financeira nem posição social. Como Mateus deixa claro, Jesus
está se referindo ao que é pobre de espírito (Mt 5.3).
Na língua grega, idioma em que foi
escrito o Novo Testamento, existem duas palavras para pobre. Uma das palavras é
penef, e significa carente do supérfluo, que vive modestamente, com o
necessário. Já a outra palavra, que Lucas e Mateus usam neste texto é ptohoi, e
significa mendigo, desprovido de qualquer sustento. Que precisa de auxílio de alguém.
Esta palavra vem de um verbo que
significa “agachar-se ou esconder-se de medo ou vergonha” (Vine, 782).
Jesus está ensinando aos seus
discípulos que eles devem ser totalmente dependentes no seu espírito. O pobre
de espírito é a pessoa que se prostra diante de Deus envergonhada, pois não tem
nada a oferecer ao Rei, pois até o que tem é porque recebeu dele (1Cr 29.14).
Diferente dessa atitude, os ricos (de
espírito), são aqueles que acreditam que podem agradar a Deus por seus méritos,
habilidades e competências. São autoconfiantes, e acreditam que possuem
virtudes próprias que podem oferecer ao Santo Senhor.
Por conta de suas atitudes os pobres de
espírito receberão de Deus aquilo que Ele tem para lhes dar: O Reino eterno de
Deus; enquanto que os ricos de espírito receberão aquilo que a sua “riqueza”
pode lhes dar: a autossatisfação terrena e temporária.
Ser pobre de espírito é esvaziar-se de
si mesmo para viver na fé do Filho de Deus (Gl 2.20). Em que medida temos
vivido dependentes do Senhor? Qual o nosso nível de pobreza espiritual? Será
que temos dependido mais de nós e de nossas forças do que do Senhor e do seu
poder? Essas são perguntas que competem a cada um de nós refletirmos e
responde-las a Deus.
II – Bem aventurados os que têm fome e ai dos que
estão fartos (lc 6.21a;25a).
De maneira semelhante com a palavra pobre, a palavra grega que Jesus usa
para fome significa fome intensa, estar faminto, e foi a mesma que foi usada
para se referir à fome que o Senhor teve depois de 40 dias de jejum (Mt 4.2).
Este ensino do Mestre descreve a fome e a sede espiritual (Mt 5.6), o
desejo de quem quer ser totalmente farto como ensina o Salmo 63.1 – “Ó Deus, tu
és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o
meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água”.
Descreve fome insaciável da Palavra de Deus. Esta fome é de justiça,
e refere-se a ser justificado por Deus para ter comunhão, perdão (Rm 3:24).
Justiça também se refere a viver uma vida transformada (Mt 5:20; 1 Pe
1:15-17).
Os fartos são aqueles que se julgam
justos por si mesmos e estão sempre exaltando sua justiça pessoal, assim não
dependem de Deus para nada.
Veja como o ensino do Senhor está numa
escala progressiva. Os pobres de espírito (mendigos) dependem do favor de Deus
para saciar a sua fome, que é de ser justificado dos seus pecados. Enquanto que
os ricos de espírito (orgulhosos) preferem depender de suas forças e recursos
para se autossatisfazer, que são as suas “justiças”. Mas a Escritura ensina que
nossas justiças não passam de trapos de imundícia (Is 64.6).
Os santos têm fome e sede da justiça de
Deus revelada na Sua Palavra. Quanto do alimento que Deus nos oferece (Bíblia) nós temos ingerido
diariamente?
A resposta a essa
pergunta resultará ou não na terceira bem-aventurança.
III – Bem aventurados os que
choram e aí dos que riem (Lc 6.21b;25b).
Ao nos conscientizar de nossa miséria de espírito e necessidade de
sermos nutridos com a justiça de Deus somos levados a chorar por nossa condição
de pecadores diante do Altíssimo.
Chorar aqui tem o sentido de lamentar, prantear. Chorar por causa da
nossa própria pobreza espiritual.
Chorar é necessário para alcançar a felicidade – “Foi bom para mim ter
sido castigado, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119:71).
“É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa, pois a
morte é o destino de todos; os vivos devem levar isso a sério! A tristeza é
melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração. O coração do
sábio está na casa onde há luto, mas o dos tolos, na casa da alegria”. (Ec
7:2-4).
Só sabe o valor da alegria quem já chorou de tristeza. Aqueles que nunca
experimentaram a tristeza não sabem valorizar os pequenos momentos de alegria
na vida, e no caso espiritual, a tristeza sempre antecede a alegria. Primeiro
nos entristecemos por reconhecer nosso pecado, isso se chama arrependimento,
depois nos alegramos por receber o perdão de Deus; isto se chama alegria da
salvação. Foi o que aconteceu com o povo dos dias de Neemias e Esdras; primeiro
eles foram ministrados na Palavra e entenderam o quanto estavam distantes do
ideal de Deus e então se puseram a chorar. Depois disso receberam a palavra de
que deveriam se retirar para as suas casas e celebrar porque a alegria do
Senhor era a sua força (Ne 8.5-11)
Este choro não se refere ao sofrimento imposto pelas circunstâncias, mas
da tristeza que nós escolhemos. Tristeza por nossos pecados, que é consequência
natural da descoberta de nossa pobreza de espírito. É a tristeza segundo Deus:
“A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva
à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte”. (2 Co 7:10-NVI).
Aqueles que riem e se vangloriam dos seus pecados hão de chorar naquele
grande e terrível dia do juízo de Deus sobre os impenitentes.
IV – Bem aventurados os
perseguidos e ai dos bajulados (Lc 6.22,23;26).
Todos os que reconhecem sua pobreza de espírito, buscam a justiça de
Deus e choram pelos seus pecados não são entendidos pelos carnais e são
perseguidos por isso. Paulo ensinou que aqueles que querem viver piedosamente
em Jesus padecerão perseguição (2Tm 3.12).
É evidente que todos os que vivem de forma contrária do evangelho se
oporão a aos que vivem em santidade, pois as vidas dos santos testemunham
contra a vida daqueles que preferem a impiedade e justiça própria.
Os ídolos mundanos são endeusados, honrados e bajulados pelos homens
porque lhes oferecem aquilo que eles querem, como os falsos profetas faziam em
Israel, e Paulo já nos advertiu de que seria assim também nos últimos dias (2Tm
4.3).
Esta palavra de Jesus não se refere ao fato de os irmãos serem amados e
amarem uns aos outros, mas em serem amados e admirados pelo mundo, pois, via de
regra, a pregação bíblica em nada agrada ao mundo, ou nas palavras que o pastor
David Wilkerson usou em sua pregação no dia 28 de fevereiro de 2005: “Ai de vós, quando
todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos
profetas" (Lucas 6:26). Quero lhe perguntar: o mundo está louvando você?
Você é o grande amado por toda a cidade? Todos lhe louvam nos eventos
seculares? Você é politicamente correto em suas interações? Os prefeitos, os
dignitários e os famosos ficam à vontade em sua presença? Então ouça as
palavras de Jesus para você: "Tem alguma coisa de falso em seu testemunho".
O próprio Jesus deixa claro: se alguma
igreja estiver se movendo no poder do Espírito Santo e cumprindo a missão como
Ele ordenou, então essa igreja será odiada e perseguida pelo mundo. Como Paulo,
o pastor será considerado escória do mundo. E a igreja será odiada pelos
políticos e líderes ímpios da sociedade. Também será espezinhada pelos
homossexuais, pornográficos, e mais do que tudo pelos líderes religiosos
apóstatas que estão espiritualmente mortos” (http://www.worldchallenge.org/pt/node/2903).
Conclusão:
O ensino de Jesus é claro. Precisamos
ser pobres de coração, desejar ardentemente a justiça de Deus, chorar pelos
nossos pecados e nos manter firmes na perseguição. Se sabemos quem somos em
Cristo então saberemos como nos portar para a glória de Cristo.
Glossário:
Impenitentes - Que persiste no erro ou
no crime; relapso, contumaz.
BIBLIOGRAFIA:
v PETERSEN, Eugene, Bíblia a Mensagem, Editora Vida.
v KEENER, Craig S.; Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento,
Ed. Atos.
v MAC ARTHUR, John, Bíblia de Estudo MacArthur, Sociedade
Bíblica do Brasil.
v Comentário Bíblico
Matthew Henry (E-Book).
v Cd-Rom Biblos, Edições
Vida Nova.
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