O regime
de governo eclesiástico conhecido como Congregacional é um sistema onde cada
congregação local é autônoma e independente. A igreja local possui autonomia
para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras
congregações e seleção de seu ministério. O Congregacionalismo está baseado nos
seguintes princípios:
Cada
congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e disciplina
cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer
outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia, que é a
autoridade decisória final do governo de cada igreja local.
Não
existe nenhuma outra organização ou entidade maior ou mais extensa do que uma
Igreja local a quem pode ser dada prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada de
Igreja.
As
igrejas locais estão em comunhão umas com as outras, são interdependentes e estão
intercomprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão.
Por isso, se organizam em Concílios, Sínodos ou Associações. Entretanto, essas
organizações não são Igrejas, mas são formadas por elas e estão a serviço
delas.
O
Congregacionalismo é o regime de governo mais comum em denominações como
Anabatistas, Igreja Batista, Discípulos de Cristo, Igreja de Cristo no Brasil e
obviamente a própria denominação que deu nome ao termo: a Igreja Congregacional
(Wikipédia).
O primeiro
documento que apresenta os princípios do Congregacionalismo é a Declaração de
Fé e Ordem, que foi redigida em Londres em 1658. A Declaração Savoy de Fé foi
elaborada a partir da Confissão de Fé de Westminster com pouquíssimas mudanças.
A fé dos Separatistas (ou Independentes) na Inglaterra era a mesma dos
Presbiterianos. Onde eles divergiam era na área de governo eclesiástico, e é na
Declaração Savoy de Ordem que o governo Congregacional é mais clara e
resumidamente estabelecido.
Os
Presbiterianos têm níveis diferentes de autoridade em seus sistema de governo.
Os membros de uma Igreja local devem submeter-se a um Conselho dentro da igreja
local; o Conselho deve submete-se ao Presbitério que é encarregado da liderança
naquela área e o presbitério deve submeter-se ao Sínodo; e o Sínodo deve
obedecer ao Supremo Concílio. Todo o que foi decidido no Supremo Concílio torna
a ser lei para as igrejas locais. Os Episcopais, os Anglicanos, os Metodistas e
os Luteranos também têm sistema hierárquicos com vários níveis de autoridade.
Mas os Congregacionalistas não têm nenhum sistema hierárquico.
No geral, há
trinta artigos na Declaração Savoy de Ordem. Não é minha intenção expor todos
os trintas, mas apenas para retirar deles os mais importantes princípios do
Congregacionalismo.
I - O primeiro e
o mais importantes princípios do Congregacionalismo é que Jesus Cristo é o
Senhor e a única Cabeça de Seu Corpo, a Igreja. Outros cristãos, também
acreditam no Senhorio de Cristo. Mas no Congregacionalismo, o Senhorio de
Cristo está no coração do nosso sistema de governo. As cartas de Paulo aos Efésios
e aos Colossenses dão a Cabeça ao Seu Corpo, a Igreja.
II - Um segundo
princípios do Congregacionalismo é que Jesus Cristo junta pessoas para si
mesmo. A palavra grega para a igreja refere-se a uma reunião de pessoas que
haviam sido chamadas por Cristo. Cristo chama-nos do mundo para a aliança com
Ele mesmo. Nas palavras de Pedro: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes
as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
III - Um
terceiro princípio do Congregacionalismo é que a Igreja devem consistir de uma
reunião local de pessoas que Cristo chamou para Si. É natural para os cristão
estarem reunidos. Assim Jesus reúne pessoas para Ele mesmo, e quando Ele junta
pessoas para Si, eles também são reunidos para perto uns dos outros. Este é
certamente o modelo que nós vemos no Livro de Atos. O Evangelho era pregado, o
povo era reunido para Cristo, e em ser reunido para Cristo, Ele era
reunido para si mesmo.
Geralmente,
quando o Novo Testamento usa a palavra igreja, está se referindo a um destes
ajuntamentos locais. Nós temos a respeito da igreja em Jerusalém, da igreja em
Antioquia, e assim por diante. Isto simplesmente significa que os cristãos
tinham se reunido naqueles lugares. Quando o Novo Testamento refere-se a uma
região, ele usa o plural e assim nós lemos a respeito das igrejas da Macedônia,
das igrejas da Ásia e das igrejas da Galácia. A única outra maneira em
que a palavra igreja é usada no Novo Testamento é no sentido universal. Jesus
falou sobre a construção de Sua Igreja (Mt.16.18). “...Cristo amou a Igreja e a
si mesmo se entregou por ela.” (Ef.5.25). Jesus é a Cabeça da Igreja
(Ef.1.22;5.23 e Cl.1.18). A coisa importante para se observar é que não há
nenhuma outra organização ou estrutura entre a igreja local e a igreja
universal que é chamada de uma igreja no Novo Testamento. Então, quando você
fala sobre uma denominação como uma igreja, você está usando a palavra “Igreja”
de uma maneira que nunca é usada no Novo Testamento. É por esta razão que é
apropriado para você chamar a si mesmo como a Aliança das Igrejas Evangélicas
Congregacionais do Brasil.
Uma implicação
importante deste terceiro princípio do Congregacionalismo é que todo membro da
igreja local deve ser cristão - um seguidor verdadeiro de Cristo. Agora, é
claro, a igreja local não é uma instituição perfeita. Haverá sempre joio
crescendo no meio do trigo. E como Jesus avisou, um arrancamento
descuidado do joio pode também prejudicar o trigo. Mas, ao mesmo tempo, deve
tomar cuidado no recebimento de novos membros para que os descrentes não sejam
trazidos publicamente para dentro da igreja. Certamente que os novos cristão,
fracos e imaturos, não devem nunca ser excluídos, mas se a Igreja local é para
ser um agrupamento do povo de Cristo, todo membro deve ter um compromisso com
ele.
Uma outra
implicação deste terceiro princípio é que todo membro deve concordar em andar
com todos os outros membros da maneira do Senhor. Na Inglaterra e na América,
este acordo é na forma de um pacto.
Este tipo de
pacto é o pacto da primeira igreja em Salem, Massachusetts em 1629. Ele
afirma: “Nós fazemos pacto com o Senhor e uns com os outros e nós nos ajuntamos
na presença de Deus para andar em seu caminho completamente, da mesma forma que
Ele está contente por revelar-Se a nós em Sua abençoada Palavra da Verdade”.
Existe alguma
coisa maravilhosa e excitante sobre um grupo do povo de Deus reunindo-se para
envolver-se neste tipo de acordo. Associar-se a uma igreja não deve ser como
associar-se a um clube. Pelo contrário, é juntar-se a um grupo de crentes,
ligados a Cristo e uns aos outros, com propósitos comuns de adorar a Deus, de
encorajar e amar aos outros e de fazer a obra de Cristo no mundo.
IV -
Um quarto princípio do Congregacionalismo é que Cristo concede poder e autoridade
a cada igreja local para exercer suas responsabilidade, através do poder do Espírito
Santo e em obediência a Palavra de Deus. Jesus disse: “Pois, onde estiverem
dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei Eu com eles.”(Mt.18.20). Quando
Jesus está no meio de Seu povo e o povo tem Sua Palavra escrita, estando eles
buscando a Sua vontade para a vida de sua igreja, eles têm tudo que
precisam.
Pense a respeito
da implicação deste princípio para cada igreja local. Toda vez que nos
reunimos, Cristo está presente. Por isso, toda vez que estivermos juntos, seja
para adoração ou para negócio, deve ser uma experiência espiritual, pois Cristo
está presente. E quando nós nos ajuntamos, não é para buscarmos nossa própria
vontade, ou para agirmos da nossa própria maneira, mas é pra buscarmos a
vontade de Cristo. Oração e uma busca por Cristo devem fazer parte de todo
culto.
Isto também
significa que todo membro é importante e deve exercer sua responsabilidade
seriamente. Não existe nenhum membro simples da igreja pelo qual Deus não possa
falar. Nós cremos no sacerdócio de cada crente. Todo membro tem recebido dons
por Deus e tem alguma coisa para contribuir com toda a aliança. Não existe
nenhuma elite espiritual na vida de uma igreja. Somos todos iguais diante de
Deus.
Isto também
significa que toda igreja local tem o poder de eleger seus próprios oficiais e
para disciplinar seus próprios membros. Contudo, isto é para ser feito também
sob o Senhorio de Cristo. Se Cristo orou toda a noite anterior à convocação de
seus doze discípulos, tanto mais nós devemos esperar em Cristo antes de
escolhermos nossos líderes ou disciplinar nossos membros.
V - Um quinto
princípio do Congregacionalismo é que é apropriado e benéfico para cada igreja
local buscar aliança e conselho de outras congregações locais. A declaração
Savoy de Ordem chega ao ponto de dizer: “Todas as igrejas e todos os seus
membros estão obrigados a orar continuamente pelo bem e pela propriedades de
todas as igrejas de Cristo em todos os lugares”.
O
Congregacionalismo nunca foi meramente uma coleção de congregações independentes.
é verdade que os peregrinos puritanos inglês eram separatistas e que eles declararam-se
independentes da Igreja da Inglaterra e de suas práticas e traduções não bíblicas,
mas eles nunca declararam-se independentes uns dos outros. Embora cada igreja
local ser autônoma e livre, eles reconheciam que tinham uma grande dependência
de Deus, de Suas Palavras e uns dos outros como membros companheiros do corpo
de cristo. Exatamente como a igreja em Antioquia que avistou ajuda da igreja em
Jerusalém, eles acreditavam na busca mútua de ajuda e encorajamento, umas das
outras.
É por este tipo
de espírito que as Igrejas Congregacionais tem se reunido em conferências,
associações, alianças, uniões, associações. E é por este tipo de espírito que a
Fraternidade Mundial Evangélica Congregacional foi formada.
Contudo, deve
ser entendido que estes grupos de igrejas existem para servir a igreja local e
não para controlá-la. O senso comum e a história têm demonstrado que há coisas
que podemos fazer juntos que nós não podemos fazer sozinhos, mas ainda é
principalmente pela igreja local que Cristo realiza Sua obra.
Estes são apenas
alguns dos princípios pelos quais o Congregacionalismo é baseado. O
Congregacionalismo não é uma maneira fácil. É uma maneira difícil. É exigente.
Envolve responsabilidade. Requer maturidade espiritual. Há muitos idealismos
nele. Mas é verdade que é uma maneira cristã. Jesus disse: “Sigam-me” e nunca
foi fácil, e foi sempre idealístico, mas é nossa meta; é nosso objetivo.
Podemos retornar
este espírito, hoje, em nossas igrejas e em nossas denominações Congregacionais
Evangélicas? Todos nós somos uma influência positiva e negativa na Igreja de
Jesus Cristo. Ou nossos supremos interesses estão, na vontade de Cristo, sendo
feitos na vida da Igreja ou nossos interesses estão em fazer nossa própria
vontade? Cada um de nós deve examinar nosso próprio coração para ver o
que é verdadeiro em nós. Isto requer um espírito de profunda humildade - uma
vontade em nos submetermos a Cristo e uns aos outros. E isto requer um espírito
de profundo amor - uma obediência a Cristo e uma afeição pelos outros.
Que o Senhor nos
ajude a sermos tanto humildes quanto caridosos ao traçarmos este caminho dos
puritanos.
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